• 24 de janeiro de 2017
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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A era das transformações sustentáveis exponenciais

O mundo corporativo está em um momento que se apresenta como uma grande oportunidade de mudança total de paradigmas, processos, forma de fazer negócio e de se relacionar com o mundo ao redor. A única constante na atualidade é a mudança e ela ocorre cada vez de forma mais veloz.



Parece cliché reforçar esse ponto, mas a verdade é que o micro cosmos corporativo em suas nuances, continua apresentando em uma mesma empresa profissionais que estão pensando 20, 30, 40 anos adiante. Com profissionais que ainda reproduzem em sua forma de pensar estratégia a mentalidade de 20, 30, 40 anos atrás. Na mesma empresa vemos iniciativas ultrapassadas e de vanguarda sendo realizadas.



Agora vejamos como a mudança de padrão mental é urgente, nos últimos anos vimos empresas como a UBER ser em cerca de dois anos de existência avaliada em 17 bilhões de dólares, a Groupon também com o mesmo período ser avaliada em cerca de 6 bilhões de dólares, a Google poucos meses após a sua fundação ser avaliada e vendida por 1,4 bilhões de dólares. Todas empresas que surgiram para oferecer um produto ou serviço do qual sequer são detentores dos materiais físicos necessários, construindo um império de forma infinitamente mais veloz do que as empresas historicamente consolidadas haviam conseguido desde a revolução industrial.



Especialistas como Ismael Slim apontam que “quando você muda para um ambiente baseado na informação o ritmo de crescimento entra em trajetória exponencial”. O que os profissionais de Sustentabilidade e as empresas que querem ser referência nesta frente precisam ter em mente é que a regra vale também para a sustentabilidade. Para alcançar resultados ambientais e sociais incomparáveis e sólidos é fundamental se pautar em premissas que têm gerado mudanças disruptivas na sociedade.



Todas as áreas e funções que conhecemos estão sendo fundamentalmente transformadas. Quando eu me formei em 2006 pouco se falava em de Sustentabilidade, hoje diversas empresas tem áreas, estruturas, equipes e orçamentos com esta finalidade. Mas será que os seus profissionais e os CEOS estão vendo com clareza como este processo de sustentabilidade é intrínseco aos negócios? Repito, não complementar, não adjacente, mas sim intrínseco a forma de se fazer negócio. Vamos aos 7 passos que pode colocar a estratégia da sustentabilidade da sua empresa em consonância com a atualidade, trazendo transformações exponenciais, ou seja de profundo e amplo impacto, para a empresa e o planeta.




  1. A empresa não é detentora única de todas as soluções. As empresas em geral se posicionam com muita agilidade para dizer que não são as únicas responsáveis por questões sociais e ambientais. Há também o primeiro e o terceiro setor. No entanto aqui estamos falando além disso. Hoje qualquer indivíduo talentoso em sua própria garagem está gerando mudanças no mundo. A exemplo, temos o jovem Jack Andraka de 14 anos que desenvolveu sozinho o teste para a cura do câncer. Ou o jovem James Dyson inventor da microgeladeira de vacinas que tem o potencial de salvar 1,5 milhão de vidas por ano segundo a OMS ou a jovem Hannah Herbst de 15 anos que desenvolveu um aparelho que gera energia renovável a partir do oceano.



Neste sentido é fundamental que as empresas usem a “sandália da humildade”, reconhecendo que em tempos como o que vivemos hoje uma solução ambiental ou social de impacto pode vir de qualquer lugar. Portanto, escutar atentamente e construir junto com diversos agentes é fundamental.




  1. Seres humanos não são parte do maquinário, do inventariado, do patrimônio monetário da empresa. São co-autores da empresa. Este aspecto é fundamental, pois há empresas que para além de não escutar a comunidade, como mencionado anteriormente, não escuta os próprios funcionários. Profissionais, são indivíduos com opiniões, percepções, linhas de raciocínio, insights. Em uma cultura como a brasileira na qual muitas vezes a divergência de ideias é tratada como conflito e não como uma oportunidade de chegar a melhores resultados, por vezes espera-se de funcionários uma postura mecânica e robotizada. Pensar na Valorização da Diversidade de todos os tipos, inclusive de ideias, e aumento da autonomia, otimizará todos os processos da empresa, incluindo os ambientais e sociais.



Segundo estudo realizado pela Hay Group com 170 empresas brasileiras “aproximadamente 76% dos funcionários das empresas que se preocupam com a diversidade reconhecem que têm espaço para expor suas ideias e inovar no trabalho.”




  1. Nomes fantasias, razões sociais ou o cnpj são imateriais e inanimados. O que realmente será o corpo, mente e alma das empresas são os profissionais que dia-a-dia concretizam e tornam real o negócio. Portanto, desde o CEO até a “tia da copa” todos precisam estar envolvidos e engajados com os conceitos ambientais e sociais. O que claro, só é possível se a plataforma de saúde e qualidade de vida das empresas estiver funcionando de forma adequada, pois ninguém consegue gerar desenvolvimento sem as suas necessidades básicas e primárias serem atendidas.

  2. Compreender que os tempos mudaram, mudam e mudarão de forma cada vez mais veloz. Esta não é uma frase filosófica ou intangível. Os casos que comentei acima demonstram essa realidade claramente. A forma de fazer negócio, mensurando o êxito a partir do crescimento econômico é hoje o caminho para o fracasso, seja a curto ou a médio prazo. É preciso compreender que o foco no desenvolvimento de forma mais complexa atentando para o papel da empresa na sociedade é fundamental. Se a empresa não estiver atenta a esta questão, será a única. Todos os demais estarão atentos.

  3. Onde quer que esteja um profissional com computador, telefone e internet, lá será seu escritório. As ferramentas de gestão de projetos e tarefas são aperfeiçoadas e disseminadas constantemente. Portanto, para sustentabilidade, assim como todas as outras atividades, será que é realmente preciso ter toda uma equipe centralizada nas grandes capitais, o dia inteiro no escritório? Ou será, que otimizar as novas ferramentas, assegurando que as equipes estejam no local e no momento onde as questões ambientais e sociais estão latentes, assegurará agilidade, eficiência e rápida resposta da empresa frente aos acontecimentos.

  4. A Comunidade não é somente aquela vizinha a sua fábrica. E não se adiante dizendo então que é todo o Brasil. Sua Comunidade está espalhada, fragmentada, é todo aquele que se interessa, interage e acompanhada de alguma forma a sua empresa. Falando assim parece óbvio, mas a verdade é que muitas empresas ainda nem se relacionam com a vizinhança física, quem dirá com a digital. A verdade é que hoje um acontecimento envolvendo a sua empresa no nordeste do país, pode impactar de forma direta sua operação no sul. Portanto, é fundamental pensar as questões ambientais e sociais de forma expandida, considerando a existência das redes sociais, e a conectividade das pessoas.

  5. Fatores ambientais e sociais não são pilares paralelos ao negócio, nem complementares, nem adjacentes. Sim muitas vezes usamos essas iconografias porque elas são formas simplificadas de expressar o tema. O importante é termos essa consciência de que são implicações e não a expressão da realidade. Nos dias atuais, com os avanços tecnológicos, movimentações sociais e avalanche de informações, o negócio não está mais separado como pilar distinto, de questões sociais e ambientais. Negócio, Meio Ambiente e Sociedade são um só!



Há, por exemplo, o caso de uma empresa do ramo alimentício que após investir milhões em um produto de papinhas para neném e já em comercialização, foi questionada por uma ONG sobre a possível existência de um produto cancerígeno entre os componentes e viu dessa forma sua linha de produtos e seu investimento ruir. Os casos de empresas que investiram milhões em projetos que foram paralisados e / ou  descontinuados devido a questões sociais e ambientais são infinitos. Isso ocorre, porque alguém dentro da empresa considerou que estes temas estavam separados quando na atualidade são um só.



Não há receita de bolo, no entanto, as menções aqui descritas são com base em anos de experiência, vivenciando situações similares, compartilhando, escutando, ensinando e aprendendo sobre estratégia da sustentabilidade, assegurando a sua conexão com os avanços e inovações que tem ocorrido na sociedade e aqueles que estão por vir em um futuro próximo. (#Envolverde)



Liliane Rocha é diretora Executiva da empresa Gestão Kairós (www.gestaokairos.com.br), mestranda em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo em Gestão da Sustentabilidade na FGV, Extensão de Gestão Responsável para Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, graduada em Relações Públicas na Cásper Líbero. Gestora com 11 anos de experiência na área de Responsabilidade Social tendo trabalhado em empresas de grande porte – tais como Philips, Banco Real-Santander, Walmart e Grupo Votorantim. Escreve mensalmente para a Envolverde sobre Diversidade. 










 


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