A nova imigração e seus desafios
O ministério da Justiça começou (9/1) a expedir vistos para os haitianos que entraram irregularmente no país pelas fronteiras do Peru e da Bolívia. De acordo com Nilson Mourão, secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, espera-se que cerca de 40 imigrantes deixem o estado diariamente, em busca de oportunidades nas capitais do Norte (principalmente Manaus) e nas construções das usinas hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, em Rondônia.
Os haitianos relatam dificuldades para chegar ao Brasil. Segundo eles, “coiotes” aliciam pessoas ainda no Haiti, prometendo oportunidades e emprego. A viagem custa cerca de quatro mil dólares e começa com a travessia de barco da capital, Porto Príncipe, até o Panamá. De lá, eles seguem de avião até o Equador para continuar o trajeto a pé, passando pela Bolívia e o Peru. No caminho, há relatos de mortes, roubos e estupros.
Apesar de um movimento bastante particular – pelas condições subumanas no Haiti – este fluxo migratório revela um cenário desconhecido para o Brasil. Com um crescimento econômico forte e o aumento na demanda por mão de obra, a tendência é que o país atraia também imigrantes que entram por meios ilegais, através de nossa vasta fronteira, a partir de vizinhos que vivem momentos econômicos distintos. Bolivianos e equatorianos já são alguns dos maiores grupos de estrangeiros no Brasil.
A busca do brazilian dream já é tendência. Dados do ministério da Justiça mostram que em apenas um ano, o número de estrangeiros vivendo legalmente no país cresceu 50% e chegou a 1,5 milhão. Acredita-se que o número de imigrantes ilegais ultrapasse os 600 mil. Reportagens do New York Times, Los Angeles Times e diversas mídias brasileiras refletem um movimento que já merece atenção.
Recuperaremos nossa condição de país acolhedor? Como oferecer ocupação a milhões de brasileiros e também aos estrangeiros que chegam, dispostos a trabalhar por uma vida melhor? Como evitar que o preconceito e movimentos xenófobos procurem jogar brasileiros contra imigrantes? Serão, nos próximos anos, enormes desafios para as políticas públicas e a sociedade como um todo.