• 17 de maio de 2024
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Acnur reforça acolhimento de pessoas desabrigadas no Rio Grande do Sul

Agência da ONU afirma que relatos dos deslocados são “impactantes” e que a situação das pessoas refugiadas é “desoladora”; equipe está visitando abrigos e contribuindo com autoridades e parceiros locais para apoiar a ajuda humanitária.


As tempestades e inundações no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, afetaram mais de 2 milhões de pessoas. A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, está se mobilizando para distribuir itens de necessidade básica e apoiar a recuperação das comunidades.


A profissional de proteção do Acnur, Thaís Menezes, está liderando a operação da agência no estado e descreveu para a ONU News a situação da população deslocada.


Relatos “impactantes”
“Os relatos que a gente tem ouvido aqui no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, na região metropolitana, são impactantes. As pessoas tiveram que fugir das águas com o pouco que elas tinham e agora elas não sabem quando ou mesmo se elas vão poder voltar para casa em segurança. Nesse contexto, as pessoas refugiadas que já vinham de uma situação anterior de deslocamento forçado, perderam suas coisas, perderam os itens aos quais as suas memorias remetiam e também os vínculos com o território uma vez mais, então é realmente uma situação desoladora. O Acnur, vai seguir aqui apoiando a população que vive no Rio Grande do Sul, independente da sua nacionalidade”.


Desde que chegou no Rio Grande do Sul, no último fim de semana, a equipe do Acnur está visitando abrigos e contribuindo com as autoridades e parceiros locais para apoiar a ajuda humanitária, complementando o trabalho feito pelo governo, sociedade civil e comunidade acadêmica.


Nesta semana, os profissionais humanitários do Acnur visitaram diversos abrigos, incluindo na Universidade Luterana do Brasil, na cidade de Canoas, onde 6.350 pessoas estão abrigadas atualmente.


Apoio à abrigos
A equipe do Acnur monitora a situação local, focando no apoio à gestão dos abrigos provisórios e nas necessidades da população. A agência também está separando itens de necessidade básica de seus estoques no estado de Roraima, na Colômbia e na Panamá para enviar ao Sul do Brasil. Os materiais a serem enviados foram recomendados pelo governo, de acordo com a maior necessidade atual.


Uma das organizações parceiras do Acnur em atuação no Rio Grande do Sul, o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, Sjmr, teve parte de sua estrutura e equipe afetadas pelas enchentes. No entanto, isso não interrompeu o trabalho humanitário.


O Sjmr retirou 130 famílias refugiadas das áreas de risco em São Leopoldo que, agora, estão em abrigos. Nesta cidade, a Universidade Unisinos, conveniada à cátedra Sérgio Vieira de Melo, abriu as portas para acolher vítimas da enchente e, até o momento, abriga cerca de 1,5 mil pessoas.


O coordenador do escritório local do Sjmr em São Leopoldo, Elias Gertrudes, afirmou que a organização está “se desdobrando para atuar nessa frente importante de acolhimento e escuta em um momento tão sensível”. A cidade está ilhada, com bairros inteiros submersos, e sofre com a falta de abastecimento e de serviços básicos. Muitas outras cidades ainda estão sem água e luz.


O impacto da tragédia na população
As fortes chuvas que começaram em 26 de abril desencadearam enchentes pelo estado, afetando mais de 2 milhões de pessoas e forçando milhares a deixarem suas casas.


Cerca de 43 mil refugiados e pessoas em necessidade de proteção internacional estão sendo direta ou indiretamente afetados pelas inundações, sendo que 35 mil já estavam entre os grupos mais vulneráveis do estado. Muitos moravam nas regiões e bairros mais tomados pelas enchentes.


No Rio Grande do Sul, muitas pessoas que vivem nas áreas mais atingidas pelas águas tiveram as suas residências danificadas ou destruídas, além de pertences e documentos perdidos.


Estradas e rodovias foram interditadas, ruas estão inundadas e voos, suspensos. Comércios e pequenos negócios, incluindo de pessoas refugiadas, também foram arruinados. Algumas comunidades se encontram isoladas e impossibilitadas de trabalhar.


 

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