• 02 de abril de 2013
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Acordo pela pecuária sustentável é positivo, mas monitoramento deixa dúvidas

Brasília (DF) – O termo de cooperação técnica pela pecuária sustentável, assinado por Ministério Público Federal (MPF) e Associação Brasileira de Supermercados (Abras) no último dia 26 é considerado positivo pelo WWF-Brasil. “Acreditamos na construção de soluções pactuadas entre setores a fim de fomentar melhores práticas produtivas da pecuária bovina brasileira”, afirmou a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.

O acordo traz mais um mecanismo de controle da origem da carne bovina e estimula as discussões sobre o setor na sociedade brasileira. A Abras se compromete a informar e a orientar as empresas do setor de supermercados sobre práticas de combate ao comércio de carne bovina proveniente de fazendas nas quais tenham sido comprovadas irregularidades ambientais e sociais, indicadas pelo MPF e pelo Governo Federal.

O objetivo é evitar que supermercados comprem carne oriunda de áreas desmatadas na Amazônia ou de propriedades que apresentem outras irregularidades socioambientais, como invasão de terras públicas, trabalho escravo ou degradante.

As informações serão divulgadas no portal da Abras e em publicações enviadas a seus associados. A associação incentivará supermercados a informar, nos pontos de venda, a origem da carne e as ações realizadas pela empresa e pelos parceiros para melhorar a cadeira produtiva.

Entre outros pontos positivos destacados por Maria Cecília, do WWF-Brasil, está o fato de o acordo ser assinado por uma instituição representativa de empresas que têm participação significativa no mercado global e também pela possibilidade de envolver o consumidor. “A medida também poderá levar as discussões sobre o setor para a sociedade, e isso é muito salutar”, disse.

No entanto, ainda existem dúvidas sobre como as informações serão coletadas, sobre como será feito o monitoramento e quais medidas punitivas serão adotadas para quem descumprir o acordo. Entre eles, a qualidade dos dados disponibilizados para consulta e quais ferramentas de monitoramento serão utilizadas nos processos comerciais (rastreabilidade, origem, abate, entre outros). “Também não está claro como e se serão adotadas medidas punitivas”, destacou a secretária-geral do WWF-Brasil.

O WWF-Brasil trabalha com o segmento produtivo da carne estimulando práticas produtivas de menor impacto socioambiental, como a Pecuária Orgânica Certificada no Pantanal e ações educativas junto aos produtores, no Cerrado e no Pantanal.

Também atua no desenvolvimento de estudos sobre a cadeia produtiva em biomas como a Amazônia e por meio da participação em fóruns nacionais e internacionais de discussão, entre ele, Mesa Global e o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável.

Nesses fóruns, busca construir critérios de melhoria contínua e criar indicadores de avaliação e de monitoramento para toda a cadeira produtiva, e não para apenas um segmento.

* Publicado originalmente no site WWF Brasil.

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