No Fórum Econômico Mundial, diretor da Aiea, Rafael Mariano Grossi e especialistas debatem o papel da energia nuclear; chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, destaca cinco benefícios, incluindo pegada de carbono reduzida; persistem obstáculos como custos e desconfiança pós-acidentes.
O Fórum Econômico Mundial, que acontece nesta semana em Davos, recebeu o diretor geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, e especialistas do setor, em debates sobre o papel da tecnologia nuclear para transição energética limpa.
Em um artigo, o chefe da agência nuclear destacou cinco vantagens fundamentais da energia atômica para impulsionar o futuro sustentável e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Usinas nucleares produzem um quarto da eletricidade de baixo carbono
Em primeiro lugar, o chefe da Aiea apontou que a energia nuclear tem a menor pegada de carbono e precisa de menos materiais e menos terra do que qualquer outra fonte de eletricidade. Em segundo apontou a abundância do urânio.
Grossi também destacou que a energia nuclear não depende do clima. Além disso, as usinas nucleares produzem um quarto da eletricidade de baixo carbono do mundo anualmente, evitando a poluição atmosférica. Em quinto lugar, ele apontou que a geração de energia nuclear é tão eficiente que a quantidade de todo o combustível usado até o momento.
Questões de segurança
Segundo Grossi, a energia nuclear é uma das fontes de energia mais seguras, limpas, menos custosas para o meio ambiente e, em última análise, durante a vida útil de uma usina nuclear, uma das mais baratas disponíveis.
Mas, apesar de todos os atributos positivos da energia nuclear, há obstáculos a serem superados. Os acidentes em Chernobyl e na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi deixaram longas sombras de desconfiança e subinvestimento.
O chefe da Aiea afirma que o custo inicial da construção de uma usina nuclear é considerável e os estouros de orçamento e os longos atrasos dificultaram a obtenção de apoio para novas construções.
Cinco motivos para não ignorar a energia nuclear
A energia nuclear tem a menor pegada de carbono e precisa de menos materiais e menos terra do que qualquer outra fonte de eletricidade. Por exemplo, para produzir uma unidade de energia, a energia solar precisa de mais de 17 vezes mais material e 46 vezes mais terra.
O urânio na crosta terrestre e nos oceanos é mais abundante do que o ouro, a platina e outros metais raros. Seria necessário um período de aproximadamente 100 a 150 anos para esgotar os recursos de urânio atualmente considerados economicamente recuperáveis.
A energia nuclear não depende do clima. As usinas de energia nuclear bem administradas operam de forma pelo menos duas a três vezes mais confiável por duas a três vezes mais anos do que as fontes intermitentes de baixo carbono. Como uma carga de base flexível para a energia eólica e solar, que fornece mais energia quando é necessária e menos quando não é, as usinas nucleares substituem o carvão e possibilitam as energias renováveis.
As usinas nucleares produzem um quarto da eletricidade de baixo carbono do mundo anualmente, evitando a poluição atmosférica. Segundo a Aiea, a energia nuclear é tão segura quanto a solar e muito mais segura do que o carvão, o gás e o petróleo. Também é vista como mais segura do que quase todas as outras fontes alternativas de energia.
É verdade que o combustível usado é altamente radioativo e emite calor. Mas ele também é relativamente compacto, além de ser gerenciado e regulamentado com extremo cuidado. A geração de energia nuclear é tão eficiente que a quantidade de todo o combustível usado já produzido caberia - em teoria - em 42 piscinas olímpicas. Atualmente, ele é cuidadosamente armazenado em piscinas e sistemas de armazenamento a seco ou reciclado.