Ações internacionais coordenadas que incentivem o uso de aparelhos de refrigeração energeticamente eficientes e de baixo impacto no clima podem evitar a liberação de até 460 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera – o equivalente a oito anos de emissões globais segundo os níveis de 2018.
A informação é do Relatório de Emissões de Aparelhos de Refrigeração e Políticas de Enfrentamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) com a Agência Internacional de Energia (AIE).
Ações internacionais coordenadas que incentivem o uso de aparelhos de refrigeração energeticamente eficientes e de baixo impacto no clima podem evitar a liberação de até 460 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera – o equivalente a oito anos de emissões globais segundo os níveis de 2018.
Reduções entre 210 e 460 bilhões de toneladas de emissões equivalentes de dióxido de carbono (CO2) podem ser alcançadas por meio de ações para melhorar a eficiência energética da indústria de refrigeração, juntamente com a transição para aparelhos mais ecológicos, de acordo com o relatório.
O estudo também afirma que os países podem institucionalizar muitas dessas ações ao integrá-las à Emenda de Kigali do Protocolo de Montreal. Os signatários da Emenda concordaram em reduzir a produção e o uso de fluídos refrigerantes que aqueçam o planeta, conhecidos como hidrofluorcarbonetos (HFCs), o que, por si só, poderia evitar o aumento de até 0,4°C na temperatura global até 2100.
Segundo a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, as nações precisam diminuir significativamente a emissão de gases de efeito estufa para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. “Isso é importante para minimizar os impactos das mudanças climáticas. À medida que os países investem na recuperação pós-COVID-19, eles têm a oportunidade de usar seus recursos com sabedoria para reduzir as mudanças climáticas, proteger a natureza e evitar futuras pandemias. O uso de aparelhos de refrigeração energeticamente eficientes e de baixo impacto no clima pode nos ajudar a alcançar todos esses objetivos”, afirmou.
O relatório destaca a importância dos aparelhos de refrigeração para a saúde das comunidades, conservação de vacinas e alimentos, fornecimento estável de energia e economias produtivas. A relevância destes aparelhos tem um papel central na pandemia da COVID-19, tanto para conservar vacinas sensíveis ao calor como para garantir o bem-estar de populações isoladas em casa – às vezes em regiões muito quentes.
Contudo, o aumento da demanda por aparelhos de refrigeração intensifica a mudança do clima, devido às emissões de HFCs, CO2 e carbono preto por diversos equipamentos.
Para o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol, os governos têm uma oportunidade ímpar de acelerar o progresso nacional de eficiência energética e baixo impacto climático por meio de pacotes de estímulo econômico para lidar com os impactos da COVID-19. “Aumentar os padrões de eficiência é uma das ferramentas mais eficazes que os governos têm para atender aos objetivos energéticos e ambientais. Ao melhorar a eficiência do resfriamento, podem reduzir a demanda por novas usinas de energia, diminuir as emissões e economizar dinheiro dos consumidores. Este novo relatório fornece aos formuladores de políticas públicas informações valiosas para ajudá-los a enfrentar o desafio global dos aparelhos de refrigeração”, explicou.
Atualmente, estima-se que há 3,6 bilhões de aparelhos de refrigeração em todo o mundo. Se esses aparelhos fossem fornecidos a todas as pessoas que precisam, e não somente a quem tem dinheiro para pagar, estima-se que o número poderia chegar a 14 bilhões até 2050.
Além disso, a AIE calcula que, se dobrar a eficiência energética dos aparelhos de ar-condicionado até 2050, seria possível reduzir até 1.300 gigawatts de capacidade energética adicional para atender às demandas em horários de pico – o equivalente à capacidade de geração de energia à carvão na China e na Índia em 2018. Até 2050, isso poderia gerar uma economia global de até US$ 2,9 trilhões em função dos menores custos de produção, transmissão e distribuição de eletricidade.
O aprimoramento da eficiência energética ainda pode gerar outros benefícios, como favorecer o acesso a aparelhos de refrigeração essenciais, amenizar a poluição que ameaça a qualidade do ar e reduzir o desperdício de alimentos, como indica o relatório.
O relatório também apresenta exemplos de políticas que podem unir a refrigeração às soluções climáticas e de desenvolvimento sustentável, como:
– Cooperação internacional por meio da ratificação e implementação universal da Emenda de Kigali e de iniciativas como a Cool Coalition e o Compromisso de Biarritz para Ação Rápida em Refrigeração Eficiente.
– Criação de Planos de Ação Nacionais pela Refrigeração Eficiente, que acelerem a transição rumo à refrigeração ecológica e identifiquem oportunidades para incorporá-la às principais Contribuições Nacionalmente Determinadas do Acordo de Paris.
– Desenvolvimento e implementação de Padrões Mínimos de Desempenho Energético e de rotulagem energética para melhorar a eficiência dos equipamentos de refrigeração.
– Promoção de códigos de práticas na construção e outras considerações para reduzir a demanda por sistemas de refrigeração mecânicos – incentivando, por exemplo, a integração da refrigeração distrital e comunitária ao planejamento urbano, o aprimoramento dos projetos de construção, os telhados verdes e o sombreamento com árvores.
– Criação de campanhas para interromper o descarte inadequado de produtos tóxicos no meio ambiente, transformar os mercados e evitar os prejuízos gerados por tecnologias de refrigeração obsoletas e ineficientes;
– Criação de cadeias de frio sustentáveis, que reduzam a perda de alimentos e as emissões de gases de efeito estufa (as cadeias frias são um dos principais emissores de gases de efeito estufa).
O relatório de 48 páginas foi elaborado por nove especialistas, sob a orientação de um comitê diretivo de 15 membros, co-presidido por Mario Molina, vencedor do Prêmio Nobel e presidente do Centro Mario Molina do México, e Durwood Zaelke, presidente do Instituto para Governança e Desenvolvimento Sustentável dos EUA.
Consulte o relatório completo aqui ou nos sites www.unep.org/pt-br ou www.coolcoalition.org
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Sobre a Agência Internacional de Energia
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