Biodiversidade retoma área do aterro da Caximba
Um ano depois do encerramento das atividades do aterro sanitário da Caximba espécies de plantas, aves e mamíferos estão tomando conta da área localizada no extremo sul da cidade. A biodiversidade local está sendo monitorada pelos pesquisadores do Museu de História Natural de Curitiba, que entre as espécies encontraram até mesmo animais ameaçados de extinção. “Esses resultados indicam que a área de disposição de lixo no aterro não está afetando a fauna e flora local, ou seja, existe um controle muito bem feito”, diz a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza de Oliveira Dias.
O acompanhamento dos pesquisadores teve início antes mesmo do encerramento do aterro, quando ainda era depositado lixo no local, e continua sendo feito. A ideia é justamente ter dados comparativos do antes e depois. Esse monitoramento consta no Plano de Encerramento do Aterro.
As aves se destacam com maior número de espécies registradas. De 89 espécies registradas antes do encerramento, o número subiu para 114 espécies atualmente, entre elas o maçarico migratório do Hemisfério Norte, marrecas, frango d’água e outras. No entanto, o ornitólogo Pedro Sherer, responsável pelo levantamento, acredita que esse número pode passar de 150 espécies.
“É um número preliminar, pois não levantamos ainda as espécies de hábitos noturnos e nem as do bosque de araucária que temos em volta do aterro. As aves registradas são quase todas de banhado. Então, essa lista deve ser maior”, explica Sherer. “Essas aves só estão lá porque a área tem alimento em abundância como invertebrados”, completa.
Na avaliação do grupo de mamíferos, os pesquisadores encontram registros de 23 espécies, 17 a mais que em 2008, quando foi feito o primeiro levantamento. Para a surpresa, entre os animais encontrados três estão em extinção como bugio ruivo, cachorro do mato e lontra. Segundo a gerente do Museu de História Natural de Curitiba, Márcia Arzua, a quantidade de mamíferos encontrada na área do aterro representa 12% das espécies que ocorrem no Paraná.
Entre as explicações para essa diversidade de fauna está a preservação da área do entorno do aterro e o isolamento. “Como o aterro é rodeado de uma grande floresta conservada, e como acabou o movimento de máquinas e de pessoas, os animais estão tomando conta do ambiente, o que também demonstra que o aterro não está interferindo negativamente no espaço”, afirma Márcia.
O aterro da Caximba parou de receber lixo de Curitiba e de municípios da Região Metropolitana em novembro de 2010, seguindo um rigoroso Plano de Encerramento que prevê o monitoramento do espaço. O aterro ocupa uma área de disposição de 410 mil metros quadrados, no entanto, a área total é de cerca de 1.000 de metros quadrados. Esse espaço no entorno é formado por floresta e antigas cavas de exploração de areia e argila.
Filtro natural – Outra boa novidade no antigo aterro é a alta eficiência de sistema de tratamento de chorume, que está conseguindo eliminar 90% dos poluentes resultantes da decomposição do lixo. As wetlands (áreas naturais alagadas), implantadas pela secretaria municipal do Meio Ambiente são acompanhadas por professores da Universidade Positivo há um ano.