Brasil investe em Finanças Sustentáveis na Rio+20
O ciclo de debates promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, abriu de maneira promissora as discussões da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Ontem (13), durante o terceiro dia do encontro, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciaram que a parceria entre o meio ambiente e as finanças deu frutos: o BCB lançou uma política socioambiental para todo o sistema financeiro do País.
Izabella Teixeira foi breve, mas enfática: “A parceria entre MMA e BCB (de 2010) vai ao encontro da sinalização concreta dada pela presidente Dilma para que a agenda ambiental não ficasse restrita ao MMA, mas fosse integrada por todo o governo rumo ao desenvolvimento do país.” Também lembrou que a nova cultura demanda novos quadros. E que o exemplo do Conselho Monetário Nacional de não dar crédito aos desmatadores foi um grande passo para a queda dos desmatamento na Amazônia.
“Importante anúncio esse do BC, que exige uma política de créditos para todo o sistema bancário, restringindo àqueles que desmatam a floresta, poluem o ambiente ou até usam mão de obra infantil em seus negócios”, disse Roberto Smeraldi, da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, um dos convidados ao evento.
“A política define um perfil global para os bancos. Resta verificar sua implementação”, pontuou ainda Smeraldi, que 20 anos atrás presidiu o Comitê Internacional das ONGs para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92) e esteve à frente de mais de 1.400 instituições da sociedade. O ativista ainda moderou a mesa que reuniu o presidente da Frebaban, Murilo Portugal, e o coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade – Gvces, Mario Monzoni, entre outros.
O Ministro Tombini anunciou em seu discurso que o BC irá submeter à audiência pública duas propostas regulatórias sobre a responsabilidade socioambiental nas instituições financeiras. A intenção é que, adicionalmente, a medida incentive o aumento de eficiência, a diminuição de custos e traga ganhos de produtividade, explicou.
A primeira norma torna obrigatória a adoção da política a todas as instituições financeiras, que deverão estar alinhadas à estratégia de modo compatível com o seu porte e com a complexidade de seus produtos e serviços. Será preciso mensurar os impactos dos créditos ofertados e gerenciar os riscos socioambientais. A segunda, obriga as instituições financeiras a divulgar relatório anual sobre as práticas adotadas no âmbito da política de responsabilidade socioambiental da instituição.
O ciclo de debates “Brasil Sustentável – O Caminho para Todos”, evento oficial da Rio+20, foi composto por oito debates sobre os temas da agenda ambiental: economia, reciclagem, consumo e florestas. Realizado no auditório Tom Jobim, no interior do Jardim Botânico, o evento prossegue até hoje (14), com dois debates – o primeiro com início às 9h30 e o segundo às 14h30.