Valor foi contestado por países em desenvolvimento que defendiam meta de mais de US$ 1 trilhão; secretário-geral da ONU afirmou que esperava resultado mais ambicioso, mas que ainda assim acordo representa base para manter vivo objetivo de limitar aumento da temperatura global a 1,5°C.
Foi aprovado na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP29, um acordo de US$ 300 bilhões por ano de apoio a países em desenvolvimento na luta contra a crise do clima.
Em reação ao anúncio feito na manhã de domingo em Baku, no Azerbaijão, o secretário-geral da ONU disse que "esperava um resultado mais ambicioso".
Insatisfação com o volume de investimentos
António Guterres afirmou que ainda assim, este acordo promove “uma base sobre a qual é possível construir”. Para ele, era fundamental que a conferência entregasse algum resultado, para manter viva a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5° C.
Ele pediu que o acordo definido na COP29 seja “honrado integralmente e dentro do prazo” e que os compromissos “se traduzam rapidamente em recursos financeiros”.
As negociações climáticas em Baku terminaram com os países ricos se comprometendo a investir pelo menos US$ 300 bilhões em contraste com a demanda dos países em desenvolvimento, que buscavam mais de US$ 1 trilhão em apoio.
As nações mais vulneráveis ao caos climático chamaram o acordo de uma “ofensa”, alegando que ele não forneceu o volume necessário de recursos.
Mercado de carbono como vitória do multilateralismo
Os países também concordaram com as regras para um mercado global de carbono apoiado pela ONU. Esse mecanismo facilitará o comércio de créditos de carbono, incentivando os países a reduzir as emissões e investir em projetos ecologicamente sustentáveis.
O líder da ONU ressaltou que 2024 foi “um ano brutal”, marcado por temperaturas recordes e desastres climáticos, enquanto as emissões de gases do efeito estufa continuam aumentando.
Ele enfatizou que os países em desenvolvimento, “sufocados por dívidas, devastados por desastres e deixados para trás na revolução das energias renováveis, estão em necessidade desesperada por recursos financeiros”.
Guterres afirmou que a negociação sobre o mercado de carbono foi “complexa, em um cenário geopolítico incerto e dividido”. Ele elogiou o esforço para construir consenso, que considerou como uma demonstração de que o multilateralismo pode “encontrar um caminho mesmo nas questões mais difíceis”.
“Nunca desistiremos”
Para Guterres, o fim da era dos combustíveis fósseis é uma “inevitabilidade econômica”. Ele afirmou que as novas Contribuições Nacionalmente Determinadas, os planos climáticos de cada país, devem acelerar essa mudança e garantir que ela ocorra com justiça.
O chefe das Nações Unidas reconheceu os esforços de todos os delegados, jovens e representantes da sociedade civil que foram a Baku para pressionar por “máxima ambição e justiça”.
Ele pediu que essas vozes continuem ativas e contem com o apoio das Nações Unidas, que continuará lutando, “sem nunca desistir”.