• 07 de janeiro de 2013
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Carvão competirá com petróleo como maior fonte de energia

Saiba porque o combustível fóssil mais poluente do mundo está sendo menos usado nos EUA e mais usado na Europa.

Em um mundo de alta tecnologia, negras lascas de carvão podem parecer um anacronismo. Ainda assim o carvão está longe de ser uma coisa do passado. Independentemente de quão avançado seja seu iPad, TV de tela plana ou carro elétrico, estes provavelmente são energizados por esse combustível. Usinas elétricas abastecidas por carvão fornecem dois quintos da eletricidade do mundo, e há cada vez mais delas. Na duplicação da capacidade energética do mundo ao longo da década passada, dois terços deste aumento vieram do carvão. A essas taxas, o carvão competirá com o petróleo como a maior fonte de energia primária do mundo dentro de cinco anos. Até 2001, tal matéria prima tinha pouco mais da metade da importância do petróleo.

O principal fator tem sido a insaciável sede de energia da China, que em 2011 superou os EUA como o maior gerador de eletricidade do mundo. Em 2001, de acordo com a Agência Internacional de Energia, um grupo de países ricos, a demanda de carvão chinesa foi de cerca de 600 milhões de toneladas de equivalente de petróleo (25 exajoules). Em 2011, a demanda de carvão chinesa havia triplicado – um aumento em relação aos dois terços da energia que os EUA extraem do petróleo para metade desta quantidade. O setor carvoeiro doméstico da China produz mais energia primária que o Oriente Médio.

Outras economias em desenvolvimento também estão igualmente entusiasmadas com o carvão, ainda que em uma escala um tanto menos grandiosa. Em 2010, a Índia precisou de 311 milhões de toneladas de equivalente de petróleo para gerar 650 terawatt horas de eletricidade e a demanda por carvão do setor energético está aumentando em cerca de 6% ao ano. A AIE acha que a Índia pode vir a ultrapassar os EUA como segundo maior consumidor de carvão em 2017.

Mas se os EUA não dominam mais o mercado como costumava ser o caso, o que está acontecendo ao setor no país ainda gera consequência em todo o mundo. E atualmente o carvão está perdendo prestígio nos EUA.

Em economias em desenvolvimento, considera-se que as vantagens do carvão – preço baixo e ampla disponibilidade – superam os danos que a matéria prima causa tanto às pessoas próximas aos lugares em que o combustível é queimado quanto no planeta como um todo. Em países ricos é plausível esperar que o equilíbrio entre custo e benefício penda para o outro lado e que o uso de carvão esteja caindo. Mas as coisas não são tão simples assim. Nos EUA, o carvão de fato está sendo queimado cada vez menos – tal mudança não se deve principalmente à política climática, a qual é bastante limitada nos EUA, mas sim devido ao advento do gás de xisto, hoje disponível em quantidades surpreendentes a preços surpreendentes. Enquanto isso, a Europa, que toma a si mesmo como líder em política climática, está usando quantidades cada vez maiores da matéria prima.

* Com informações da The Economist.

** Publicado originalmente no site Opinião e Notícia.

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