• 23 de janeiro de 2020
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Chefe da ONU lista quatro principais ameaças para futuro global

O novo ano começa com quatro ameaças iminentes ao progresso humano no mundo: tensões geopolíticas crescentes, crise climática, desconfiança global e impactos negativos da tecnologia, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta quarta-feira (22).



Em 2015, os líderes mundiais adotaram uma agenda para criar um planeta mais justo para todos. Este ano, a ONU lançou a Década de Ação para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até o prazo de 2030.



O secretário-geral da ONU, António Guterres (à esquerda), informa a reunião da Assembleia Geral sobre suas prioridades para 2020 e para o trabalho da Organização. Foto: ONU/Mark Garten

O secretário-geral da ONU, António Guterres (à esquerda), informa a reunião da Assembleia Geral sobre suas prioridades para 2020 e para o trabalho da Organização. Foto: ONU/Mark Garten




O novo ano começa com quatro ameaças iminentes ao progresso humano no mundo: tensões geopolíticas crescentes, crise climática, desconfiança global e impactos negativos da tecnologia, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta quarta-feira (22).



Em um amplo discurso na Assembleia Geral, o chefe da ONU delineou estratégias para abordar tais ameaças e instou os países a aproveitar o 75º aniversário da ONU para garantir um futuro pacífico para todas as pessoas.



“É por isso que comemorar o 75º aniversário com bons discursos não serve. Precisamos enfrentar esses quatro desafios do século 21 com quatro soluções do século 21”, declarou Guterres.



Tensões globais crescentes

Para o secretário-geral da ONU, as tensões globais estão em seu nível mais alto em anos, criando riscos reais.



Embora desenvolvimentos como a formação do Comitê Constitucional na Síria e a recente conferência de Berlim sobre a Líbia deem esperança, ele enfatizou que há muito trabalho a ser feito.



Guterres destacou o papel central da prevenção na atuação da ONU em paz e segurança, e enfatizou a necessidade de a Organização se concentrar nas causas profundas das crises.



“Precisamos fortalecer nossa capacidade de mediação e nossas ferramentas para sustentar a paz, levando ao desenvolvimento a longo prazo”, acrescentou.



“Precisamos criar condições para operações eficazes de imposição da paz e antiterrorismo por nossos parceiros regionais, no capítulo VII da Carta (da ONU) e com financiamento previsível. Isto é especialmente verdade na África, do Sahel ao Lago Chade.”



Nosso planeta está em chamas

Sobre a mudança climática, a ciência é clara, afirmou Guterres. “O aumento da temperatura continua a provocar derretimento recorde (das calotas polares). A década passada foi a mais quente já registrada.”



“Os cientistas nos dizem que a temperatura do oceano está subindo o equivalente a cinco bombas de Hiroshima por segundo. Um milhão de espécies estão em risco de extinção a curto prazo. Nosso planeta está queimando”, disse ele aos embaixadores.



No entanto, em meio à crise, alguns líderes globais continuam hesitando, disse ele, como evidenciado pelo resultado da última conferência climática da ONU, conhecida como COP25, realizada em Madri em dezembro.



Mas o secretário-geral da ONU disse estar convencido de que a batalha climática pode ser vencida à medida que as pessoas em todos os lugares entendam o que está acontecendo, enquanto a esmagadora maioria dos cientistas afirma que ainda há tempo para agir.



“Na próxima conferência climática — COP26, em Glasgow — os governos devem promover a mudança transformacional de que nosso mundo precisa e que as pessoas exigem, com ambição muito mais forte — ambição de mitigação, adaptação e de finanças”, afirmou.



Uma globalização justa

A terceira ameaça — desconfiança global profunda e crescente — pode ser enfrentada por meio de uma globalização justa, impulsionando o crescimento econômico e prevenindo conflitos.



Em 2015, os líderes mundiais adotaram uma agenda para criar um planeta mais justo para todos. Este ano, a ONU lançou a Década de Ação para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até o prazo de 2030.



“Durante a Década de Ação, devemos investir na erradicação da pobreza, na proteção social, na saúde e no combate às pandemias, em educação, energia, água e saneamento, nos transportes e infraestrutura sustentáveis ??e no acesso à Internet”, afirmou Guterres.



“Precisamos melhorar a governança, combater os fluxos financeiros ilícitos, acabar com a corrupção e desenvolver sistemas eficazes, de bom senso e tributação justa. Temos de construir economias para o futuro e garantir um trabalho decente para todos, especialmente os jovens. E devemos colocar um foco especial em mulheres e meninas, porque isso beneficia a todos nós.”



O secretário-geral da ONU também incentivou os líderes a trabalhar para restabelecer a confiança, inclusive ouvindo seus cidadãos e aproveitando as ideias de mudança e outras soluções construtivas apresentadas pelos jovens.



Domesticar o ‘Velho Oeste’ do ciberespaço

Levar luz ao lado sombrio do mundo digital exigirá ação em várias frentes, inclusive no mercado de trabalho, pois a automação deslocará dezenas de milhões de empregos na próxima década.



O chefe da ONU recomendou que os sistemas educacionais sejam redesenhados para lidar com essa realidade, ensinando às pessoas como aprender durante toda a vida.



“Também precisamos colocar em ordem o ‘Velho Oeste’ do ciberespaço”, disse.



“Terroristas, supremacistas brancos e outros que semeiam ódio estão explorando a Internet e as mídias sociais. Os robôs estão espalhando desinformação, alimentando a polarização e minando as democracias. No próximo ano, o cibercrime custará 6 trilhões de dólares.”



Guterres destacou a ONU como a plataforma para reunir governos, setor privado, sociedade civil e outros para combater o que ele chamou de “fragmentação digital” por meio da cooperação global.



As “possibilidades alarmantes” da inteligência artificial também devem ser abordadas, e ele apelou aos países para banirem imediatamente as armas autônomas letais, também conhecidas como robôs assassinos.



“Armas autônomas letais – máquinas com o poder de matar por conta própria, sem julgamento e responsabilidade humana – estão nos levando a um território moral e político inaceitável”, alertou.


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