• 03 de novembro de 2011
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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China deve desacelerar aumento da produção solar com recuo do preço

As companhias solares chinesas planejam conduzir suas usinas abaixo da capacidade a fim de reduzir o estoque e desacelerar os gastos de capital, já que o setor batalha contra a diminuição das margens de lucro em meio à demanda tépida e dos preços reduzidos dos painéis.


Fabricantes solares como a JA Solar e a Suntech Power Holdings Co vão inativar temporariamente alguns equipamentos nas fábricas para diminuir uma acumulação no estoque nos próximos três trimestres, abandonando uma visão de longa data de que a demanda poderia retornar grandemente em um quarto trimestre sazonalmente forte.

“Estamos diminuindo o passo da expansão porque pensamos que há capacidade suficiente para atingir a demanda”, disse Liu Yong, vice-presidente sênior e diretor de tecnologia da JA Solar, à Reuters em uma conferência da indústria.

A JA Solar, a maior fabricante de células solares do mundo, planeja reduzir sua utilização nos próximos meses, afirmou Liu, alegando estoques elevados e sazonalidade.

A utilização de algumas fábricas solares caiu para 75%, mas especialistas da indústria declaram que fabricantes médios do setor têm conduzido a capacidade abaixo da metade no último trimestre, e muitos dos produtores menores têm fechado suas portas.

“O preço tem baixado, estamos perdendo muito. Todos na indústria estão perdendo”, disse Jian Hua Zhao, diretor de tecnologia da China Sunergy (Nanjing) Co, acrescento que sua firma desacelerou a utilização da capacidade em cerca de 25%.

Analistas afirmam que mais medidas de redução podem ocorrer em um trimestre mais fraco que o esperado, preparando o cenário para algumas companhias para um ano de produção mais baixo, marcado por demissões e cortes de gastos.

“A demanda do quarto trimestre pode ser pior do que a do terceiro trimestre. Fornecedores reduzirão mais sua utilização para gastar o estoque”, declarou Jesse Pichel, analista da Jefferies Equity Research em um relatório.

A superprodução e os cortes nos subsídios na Itália e na Alemanha levaram a um colapso de mais de 40% nos preços dos painéis neste ano, estreitando as margens de lucro na indústria e levando ao menos três companhias dos EUA, incluindo a californiana Solyndra, à bancarrota.

DECLIVE NO PREÇO

Mudanças para uma expansão desacelerada e a limitação da produção podem ser a única forma da indústria para conter uma queda nos preços, disseram analistas, embora o dano causado pela superprodução provavelmente ainda sejam sentidos nos próximos trimestres, com os preços provavelmente caindo mais no próximo ano.

“A queda dos preços na primeira metade de 2012 na cadeia de valores provavelmente terá sua porcentagem nas margens [de lucro], resultando em ganhos menores que o esperado em toda a linha”, afirmou o analista da Piper Jaffray, Ahmar Zaman, citando companhias como a Suntech Power como prováveis empresas a serem mais prejudicadas do que a maioria devido a suas margens estreitas.

O preço médio de venda dos painéis solares, a mais de US$ 1,00 por watt, pode cair para US$ 0,90 no primeiro trimestre do próximo ano, declarou Zaman.

Por quanto tempo a fraqueza do mercado persistirá é muito mais difícil de prever em meio a um agravamento do panorama econômico e a incerteza de uma intervenção europeia. A Europa soma mais de 90% das vendas das companhias solares chinesas.

O futuro parece mais sombrio depois que a Grã-Bretanha anunciou um plano para retirar subsídios generosos do setor.

“Se os mercados ficarem piores poderemos precisar rever nossos planos”, declarou Zhao.

Traduzido por Jéssica Lipinski

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