• 19 de junho de 2019
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Ciclones que atingiram Moçambique são alerta, diz Organização Meteorológica Mundial

A devastação causada pelos ciclones Idai e Kenneth em Moçambique dentro do espaço de poucas semanas é um alerta sobre mais ciclones tropicais de alto impacto, enchentes costeiras e chuvas intensas ligadas à mudança climática, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM) no fim de maio (29).



Uma missão enviada pela OMM a Moçambique para averiguação de fatos recomendou um pacote de prioridades para redução de riscos de desastres, com intuito de fortalecer os sistemas de alertas do país africano e reduzir danos socioeconômicos relacionados aos desastres.



O distrito de Macomia, em Cabo Delgado, Moçambique, foi duramente atingido pelo ciclone Kenneth, que chegou ao porto em 25 de abril. Foto: OCHA/Saviano Abreu

O distrito de Macomia, em Cabo Delgado, Moçambique, foi duramente atingido pelo ciclone Kenneth, que chegou ao porto em 25 de abril. Foto: OCHA/Saviano Abreu




Uma missão enviada pela OMM a Moçambique para averiguação de fatos recomendou um pacote de prioridades para redução de riscos de desastres, com intuito de fortalecer os sistemas de alertas do país africano e reduzir danos socioeconômicos relacionados aos desastres.



“Os dois ciclones são um aviso de que Moçambique precisa construir resiliência”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em mensagem a uma conferência internacional para assegurar apoio à reconstrução.



“Embora o número de ciclones tropicais globalmente seja esperado para cair no futuro, o número de ciclones tropicais mais intensos (categorias 4 e 5), associados a maiores chuvas, irá aumentar em um clima mais quente”, disse.



“O aumento futuro no nível do mar irá exacerbar o impacto de tempestades em regiões costeiras, levantando preocupações sobre enchentes, particularmente para cidades baixas, como Beira”, disse Taalas. Isto levanta grandes preocupações sobre a vulnerabilidade de Moçambique a enchentes, tanto de rios quanto do mar.



A equipe afirmou que investimentos de quase 27 milhões de dólares são necessários para o setor meteorológico e hidrológico. Isto inclui reconstrução, reabilitação e modernização de infraestruturas e de equipamentos. O valor também abrange pesquisas de solo para mapeamento de riscos, melhorias em sistemas de gerenciamento de base de dados, treinamentos e ferramentas de comunicação.



Ciclones consecutivos sem precedentes

O Idai chegou às proximidades de Beira em 14 de março com força de Categoria 4, provocando um dos priores desastres relacionados às condições climáticas a atingir o Hemisfério Sul. O volume de meses de chuva caiu em apenas horas.



As consequências humanitárias foram gigantescas. O ciclone e enchentes subsequentes causaram a morte de mais de 600 pessoas, feriram cerca de 1,6 mil, afetaram mais de 1,8 milhão de pessoas e causaram uma estimativa de 773 milhões de dólares em danos a prédios, infraestruturas e à agricultura.



“Em tempos de enchentes, moçambicanos buscam segurança nos telhados de prédios. Mas a ferocidade do Idai arrancou telhados. A magnitude do ciclone, o tamanho do surto da tempestade e a extensão das enchentes superaram anos de trabalho de autoridades”, disse Lucio, que trabalhou no passado para o serviço meteorológico nacional de Moçambique.



A visita da equipe coincidiu com o ciclone tropical Kenneth, que chegou em 25 de abril à província de Cabo Delgado como o ciclone tropical mais intenso a atingir a área.



A missão da OMM teve foco no ciclone Idai, especialmente em termos de dados a equipamentos e de coordenação e colaboração institucional incluindo serviços meteorológicos, hidrológicos e de desastres.



No entanto, suas conclusões gerais têm objetivo de informar planos e investimentos no fortalecimento do sistema de alerta e de gerenciamento de riscos, particularmente durante reconstrução.


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