• 05 de julho de 2012
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
  • 536

Comissão internacional aprova meios que promovem caça às baleias

Na manhã de terça-feira (3), foi aprovada durante e 64° reunião da Comissão Internacional Baleeira (CIB) uma proposta conjunta de Estados Unidos, Rússia e São Vicente e Granadinas contendo quotas para captura de subsistência de baleias para populações aborígenes dos três países.

Na pauta foram incluídas baleias-da-Groenlândia e cinzentas para as duas primeiras nações e jubartes para São Vicente.

Assim, a matança de 336 baleias-da-Groenlândia e 744 cinzentas será liberada para Rússia e EUA no período de 2013 a 2018, devido ao seu caráter de “subsistência”.

Além disso, após grande discussão em torno da veracidade da caça de São Vicente ser de subsistência (atualmente fomentada pelo Japão) e da violação de regras da CIB pelo país, como a matança de mães e filhotes, também foi aprovada a caça de 24 jubartes para o mesmo período, segundo informações do Instituto Baleia Jubarte.

O Grupo Buenos Aires, liderado por Brasil e Argentina, manteve a sua posição contra a proposta conjunta, exceto México e Panamá, que aceitaram o termo. Os europeus (com exceção de Mônaco que se absteve) votaram a favor.

A Sociedade Mundial de Proteção dos Animais criticou a União Europeia por apoiar o pacote conjunto, declarando que o bloco “tinha o poder de barrar esta matança desnecessária de baleias-jubartes”.

A votação da proposta da Dinamarca, permitindo a caça de até 1.326 baleias (incluindo dez jubartes) até 2018 por povos tradicionais, foi adiada. A Austrália criticou o país dizendo estar renegando o compromisso assumido há dois anos que reduziria o número total de baleias mortas devido à maior produtividade de carne das jubartes.

O grupo norte-americano Instituto do Bem Estar Animal relatou que 77% dos restaurantes da Groenlândia servem carne de baleia, concluindo que a ilha está sim realizando caça comercial e não de subsistência.

“Países como a República Dominicana, Costa Rica e o Equador defenderam a substituição da caça pelo turismo de observação, atividade que gera milhões de dólares nestes países, muito mais do que a matança de baleias poderia gerar”, comentou Márcia Engel, Presidente do Instituto Baleia Jubarte.

Também houve discussões sobre a tentativa de fazer estudos para reduzir o tempo de morte das baleias caçadas, que pode chegar a 40 minutos em muitos casos, segundo José Truda Palazzo Jr, diretor do escritório brasileiro do Centro de Conservação Cetácea (CCC), que está no Panamá acompanhando a reunião e relatando através do Twitter (@brasildeovelhas).

Querendo tirar vantagens da mesma brecha da CIB de que o Japão se apoderou para realizar suas caçadas anuais no Oceano Antártico (especialmente em águas australianas e neozelandesas), a Coreia do Sul anunciou na quarta-feira que também pretende iniciar “pesquisas científicas” com as baleias. No sudeste do país já é costume a alimentação com base na carne de baleia, porém se diz que elas são provenientes da pesca “acidental”, algo permitido pela CIB.

O representante da Nova Zelândia na CIB, Gerard van Bohemen, denunciou que mesmo após anos de caça o Japão nunca contribuiu para a ciência e que o plano da Coreia era desnecessário e “beira a imprudência”, segundo a AFP.


“A Nova Zelândia, que desde que tem um governo de extrema-direita estava virando pró-caça, também se opôs às cotas da Groenlândia”, comentou Truda. “A Índia também se opõe à falsa caça aborígene da Dinamarca/Groenlândia e os europeus querem apenas baixar cotas de caça da Groenlândia”.

Na quarta-feira, o Japão também tentou ressuscitar discussões sobre a aprovação da caça de baleias na sua costa, o que tornaria a pesca do animal algo comum novamente, acabando com a moratória estabelecida em 1982, mas encontrou grande oposição. Em 2010, o documentário The Cove mostrou como o Japão aceita a matança de outros cetáceos, como os golfinhos, em sua costa.

Segundo o Greenpeace Japão, nos últimos anos e após o documentário o setor baleeiro do país caiu em crise e a população se mostra cada vez mais reticente na compra da carne de cetáceos. Notícias recentes mostram que após a última temporada de pesca, das 1.200 toneladas de carne de baleia oferecidas no mercado, 75% não foram vendidas.

Empresas contempladas