• 28 de junho de 2012
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Consumidores aprovam volta das sacolinhas; ambientalista defende mais debate

A decisão judicial que garante o fornecimento gratuito de sacolinhas nos supermercados agradou a muitos consumidores da capital paulista. Para o o ambientalista Nelson Pedroso, da Associação Global de Desenvolvimento Sustentado, essa é uma questão que deveria ser melhor debatida na sociedade.

“Tem que ter sacolinha no mercado. Se a gente sai do serviço e, não trouxer a sacolinha, não tem como levar [as compras]”, disse a doméstica Maria Santana. A aposentada Aparecida Maria Silva Prado também defendeu a volta das sacolinhas. “Acho um descaso [a falta de sacolinhas]. Já pensou em você estar na rua e lembrar que precisa passar no mercado? Se você estiver só com a bolsa terá que gastar mais um dinheirinho [para levar as compras]”, reclamou.

Na última segunda-feira (25), a juíza Cynthia Torres Cristófaro, da 1ª Vara Cível Central da capital paulista, determinou que os supermercados retomem o fornecimento gratuito de embalagens adequadas e em quantidades suficientes para que os consumidores possam transportar as compras. A juíza estabeleceu o prazo de 48 horas, após recebimento da notificação, para que os supermercados de São Paulo voltassem a disponibilizar as sacolinhas.

Alguns consumidores abordados pela Agência Brasil reclamaram também da falta de informação. Para eles, a alegação de que a retirada das sacolinhas dos supermercados está contribuindo para o meio ambiente não é suficiente, já que há muitos produtos nas prateleiras dos supermercados, por exemplo, que também são feitos de material plástico. “E o lixo na rua? Não vai dentro de um saco de lixo? E as embalagens não são todas de plástico?”, argumentou o técnico de trânsito Antero dos Santos Ferreira.

Para a dona de casa Maria Amélia França Ricota, neste debate, o consumidor fica sem saber qual é a melhor opção. “Já me acostumei a trazer sacola e carrinho. Isso é consciência. Fazemos o que estão dizendo que é o melhor. Mas o povo tem que colocar o lixo em alguma coisa. E eles usam a sacolinha para isso. Mas agora eles estão precisando comprar saco [de lixo]. E aí não sai a mesma coisa? Saco [de lixo] não é igual à sacolinha e polui da mesma forma? Os dois não vão para o meio ambiente?”, questionou.

O cobrador de ônibus Tiago da Silva Alves apoia novas alternativas para as sacolinhas. “O consumidor só foi prejudicado nessa de evitar as sacolinhas plásticas. Os supermercados subiram os preços dos sacos de lixo. Foi um meio de enganar o povo. Acho que se deveria incentivar o uso de sacolinhas biodegradáveis. Um meio de evitar isso é fabricar sacolinhas que, no meio ambiente, se decompõe mais rapidamente”, disse ele.

Para a Associação Global de Desenvolvimento Sustentado, é preciso mais discussão. “Defendo um olhar no meio ambiente com um olhar na questão do direito da sociedade. Acho que poderia voltar [as sacolinhas] gradativamente, mas olhando para o futuro para que haja um controle mais adequado e até uma extinção desse produto”, defendeu o ambientalista Nelson Pedroso, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, há várias alternativas às sacolinhas plásticas que precisam ser estudadas. “Sob o ponto de vista do direito do consumidor, os supermercados agregaram o custo dessas sacolinhas aos seus produtos e acho que a discussão que cabe neste momento é como devolver para a sociedade esse recurso da economia provocada pelo não-uso das sacolas plásticas. Na Europa, esses recursos são investidos em fundos de pesquisa para analisar alternativas para a questão.”

O ambientalista acrescentou ainda que é importante a população continuar pensando em dar sua contribuição para o meio ambiente, preferindo, neste primeiro momento, usar as sacolas reutilizáveis. “É importante que a sociedade tenha a consciência de que os prejuízos que as sacolinhas causam ao meio ambiente acabam no bolso do cidadão.”

“Mas se houver liberação desenfreada, de cima para baixo, sem uma discussão apropriada e técnica, envolvendo a sociedade técnica e ambientalistas, que promovam alternativas viáveis e técnicas, acho que não teremos um futuro interessante para o conflito que está se instalado ali. A saída é procurar todas as alternativas para se evitar o uso de sacolas plásticas”, acrescentou Pedroso.

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