• 26 de julho de 2013
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Degelo do Ártico prejudicaria a economia mundial em US$ 60 trilhões

Utilizando uma versão atualizada dos modelos aplicados no famoso relatório Stern, do governo britânico, pesquisadores calcularam que o custo econômico de ver todo o metano armazenado no permafrost (solo congelado) do Ártico liberado para a atmosfera seria de US$ 60 trilhões, o equivalente quase ao PIB global de um ano.


“O impacto global do aquecimento do Ártico é uma bomba relógio econômica”, alertou Gail Whiteman, da Universidade Erasmus (Holanda), um dos autores dessa que é a primeira análise sobre os custos econômicos do degelo do Ártico.

Bilhões de toneladas de metano, um gás do efeito estufa 25 vezes mais potente em seu poder de aquecimento global do que o dióxido de carbono, estão estocadas logo abaixo da superfície no leste do Ártico.

O derretimento da camada de solo congelada liberaria esse gás, antecipando um aumento nas temperaturas globais esperado para daqui a 35 anos, indica o novo estudo publicado na revista Nature.


Em 2010, Natalia Shakhova e Igor Semiletov, pesquisadores da Universidade do Alasca, haviam estimado que, anualmente, oito milhões de toneladas de metano já são emitidas pela Plataforma Ártica da Sibéria Oriental.


O estudo, englobando a primeira medição direta já realizada na região, indica que provavelmente essas emissões não sejam novas, podendo estar ativas desde o grande derretimento da última era do gelo. O frio extremo mantinha o permafrost a temperaturas suficientemente baixas para que o derretimento fosse bastante lento.

Porém, com os relatos cada vez mais frequentes de taxas crescentes de degelo no Ártico, o nível de liberação do metano também deve subir.

Shakhova e Semiletov calcularam que a liberação de 50 bilhões de toneladas de metano seria possível dentro de uma década, aumentando a concentração do gás na atmosfera em doze vezes e da temperatura em 1,3°C.

Agora, Whiteman, em conjunto com Chris Hope e Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge, analisaram as consequências econômicas dessa liberação entre 2015 e 2025 e descobriram que os prejuízos econômicos superam em muito os benefícios regionais que foram previstos – abertura de rotas comerciais e novos depósitos minerais e de combustíveis fósseis.

Com uma perspectiva global, eles calculam que o impacto apenas da liberação do metano no Ártico será enorme, alcançando US$ 60 trilhões na ausência de ações de mitigação, pois a região é elementar para o funcionamento dos sistemas terrestres.

“Grande parte do custo será carregado por países em desenvolvimento que, com o degelo do Ártico, enfrentarão problemas como: eventos climáticos extremos, piora na saúde pública e redução na produção agrícola”, alerta o artigo.

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