Dez desafios de dois bilhões de casais
Nova York, Estados Unidos, 18/2/2016 – Os desafios que devem enfrentar os dois bilhões de casais existentes no mundo variam de forma considerável, segundo diferentes variáveis: idade, sexo, educação, renda, situação conjugal, tamanho da família, duração da relação, lugar de residência, costumes, religião e região do mundo. Mas podem ser identificados dez grandes desafios comuns para os casais casados ou em concubinato em diferentes países.
Para começar, apesar de acordos internacionais, políticas estatais e campanhas de conscientização, os casamentos forçados e precoces têm acontecido em muitos países, especialmente na África subsaariana e Ásia meridional.Por exemplo, não menos do que duas em cada três mulheres entre 20 e 24 anos em Níger, República Centro-Africana, Chade e Bangladesh se casaram ou tiveram uma união semelhante antes dos 18 anos.
As famílias costumam coagir as adolescentes e casá-las ou entregá-las a homens mais velhos, em muitos casos por medo de que tenham um comportamento, um vínculo ou relações sexuais com homens de outras comunidades, outros grupos étnicos, culturais, religiosos ou castas.
Além disso, os pais podem ter se comprometido a entregar suas filhas em casamento para fortalecer vínculos familiares, proteger e melhorar a situação delas, reduzir os gastos domésticos ou garantir que as terras, propriedades ou riquezas permaneçam no âmbito familiar.
Quando estima-se que uma filha violou a honra da família ou teve uma gravidez não desejada, ela pode ser obrigada a se casar ou, em casos extremos, é morta por algum integrante de seu próprio núcleo familiar. Os casamentos forçados podem derivar em abusos e serem, na verdade, um castigo, bem como um meio para restaurar a honra familiar.
Em segundo lugar, o abuso conjugal não se limita apenas ao casamento forçado e constitui um sério desafio para as relações de casal. As brigas domésticas, que incluem reclusão, intimidação, abuso psicológico e violência, são um problema mundial que ocorre tanto entre casais casados como em concubinato.
Quase uma em cada três mulheres que mantiveram uma relação de casal disseram ter sofrido algum tipo de agressão física e/ou sexual nela. Embora cerca de 125 países tenham proibido a violência doméstica, estima-se que mais de 600 milhões de mulheres vivem em países onde não é crime.
Terceiro, as relações sexuais, a intimidade e o amor e/ou afeto constituem outro âmbito que apresenta desafios para os casais. O descontentamento com as relações sexuais em muitos casos leva a infidelidade, relações extraconjugais, erosão da confiança, separação e divórcio.
Uma das dificuldades recorrentes observadas é que as mulheres costumam se queixar de que seus companheiros desejam ter relações sexuais muito frequentes sem dar atenção aos seus desejos. E os homens dizem sentir que suas companheiras utilizam a intimidade sexual como instrumento estrito de compensação ou castigo.
Esses assuntos ganham maior relevância, pois algumas pessoas afirmam que o casamento implica automaticamente direitos conjugais segundo os quais o marido tem direito a ter intimidade com sua mulher quando quiser e o dever dela é concordar.
Em quarto lugar, as decisões sobre ter ou não filhos, e quando, quanto e o tempo entre cada um, bem como sua criação, apresenta um importante desafio com consequências para muitos casais. Homens e mulheres costumam ter diferentes opiniões sobre ter filhos, seus respectivos papéis e responsabilidades na paternidade, expectativas e objetivos para o futuro deles.
O uso de preservativo e do aborto para limitar e espaçar os filhos continua sendo um assunto sensível para os casais em muitas partes do mundo. Em muitas nações industrializadas, as mulheres costumam ter a última palavra em matéria de gravidez e reprodução, mas em muitos países em desenvolvimento este continua sendo um assunto controvertido.
Em quinto lugar está a questão da comunicação. Frequentemente não se trata de uma incapacidade ou de falta de vontade para compreender o outro, mas de uma obstinada rejeição em permitir ou aceitar a existência do ponto de vista, ou da posição, do companheiro ou da companheira. A falta de boa comunicação gera disputas e pode derivar em violência física.
Em sexto lugar aparecem questões econômicas. Muitos casais discutem pelos gastos e pelas economias, a renda de um dos cônjuges, os diferentes estilos de gasto e a herança. Em geral, um dos integrantes do casal – e é muito comum que seja o homem – tenta controlar os recursos econômicos, limitar o gasto da outra parte e tomar as principais decisões financeiras.
Em sétimo lugar está o problema de combinar emprego, carreira e vida conjugal, um desafio cada vez mais difícil para muitos deles. Com o aumento de casais com duas carreiras e uma estrutura familiar nuclear, os papéis e as responsabilidades de homens e mulheres casados ou vivendo juntos mudam.
Em oitavo lugar estão os problemas pessoais, como maus comportamentos ou hábitos, como vícios, promiscuidade, ciúmes, mentiras e narcisismo, que afetam os casais. As dificuldades podem aumentar quando um dos integrantes se nega a buscar ajuda ou a tomar medidas para remediar a situação.
Em nono lugar estão as diferentes expectativas sobre o casamento ou as relações íntimas. As pessoas costumam ter diferentes ideias, necessidades e prioridades sobre o casamento, o amor, o romance e a natureza das relações íntimas.
Por último, para muitos casais a relação com a família do outro pode ser um desafio agoniante e podem discordar sobre o tempo apropriado, a assistência e o cuidado dispensados à família de uma das partes. Esses assuntos complicam mais quando se trata de segundocasamento, famílias combinadas, ex-maridos e a criação de filhos e netos.
Muitas pessoas poderão discordar sobre esses dez desafios comuns na relação dos dois bilhões de casais existentes, mas quase todos concordarão que em todas as partes aparecem desafios significativos e dificuldades entre os casais em diferentes fases da relação. Essas dificuldades são consideradas problemas pessoais que competem aos casais.
Mas às sociedades modernas interessa promover as relações de casais sólidos e harmônicos, em apoiar a formação de famílias e a criação dos filhos, em assegurar os direitos humanos, a dignidade e segurança de homens e mulheres, bem como de proteger o bem-estar de meninas e meninos.
Como diz o ditado,“família em paz, país com prosperidade”.