Setor vale entre US$ 3 trilhões e 6 trilhões e proporciona pelo menos 150 milhões de empregos diretos; agência da ONU destaca oportunidades em áreas como energia eólica marítima e biotecnologia marinha.
Tornar os sistemas de comércio mais inclusivos, ecológicos e resilientes. Este é o objetivo do Fórum Comercial das Nações Unidas 2023, que acontece na sede da ONU em Genebra, Suíça.*
O evento, de dois dias, termina nesta terça-feira e discute como as atividades comerciais podem contribuir em várias frentes. Dentre elas, proteção dos oceanos, redução de desigualdades digitais e de gênero e aumento da resiliência econômica.
Crescimento econômico em meio a crises
A iniciativa é da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad. Participam mais de 100 especialistas em comércio, políticos, funcionários de organizações internacionais, líderes empresariais e representantes da sociedade civil.
O crescimento econômico dos países em desenvolvimento alinhado com o enfrentamento dos grandes desafios globais é a pauta central do Fórum. Este grupo de nações foi o mais afetado pela sequência de crises que incluem a pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e a emergência climática.
O aproveitamento de novas oportunidades na economia dos oceanos e a promoção de preferências comerciais entre os países em desenvolvimento também estão entre os tópicos.
Outros temas são a garantia de que as mulheres sejam igualmente beneficiadas pelo crescimento do comércio eletrônico e os incentivos às empresas e aos consumidores para a adoção de práticas mais sustentáveis.
Oceano de Oportunidades
Durante o evento, a Unctad lança sua Análise sobre o Comércio e o Meio Ambiente 2023. Este estudo destaca as amplas oportunidades que o oceano oferece aos países em desenvolvimento para se recuperarem das atuais crises e construírem economias mais inovadoras e resilientes.
A economia dos oceanos inclui campos tradicionais como a pesca e o transporte marítimo, mas também áreas emergentes como a energia eólica marítima e a biotecnologia marinha.
O setor vale entre US$ 3 trilhões e 6 trilhões e proporciona pelo menos 150 milhões de empregos diretos.
No entanto, os recursos marinhos e os meios de subsistência que estes setores suportam se encontram ameaçados pelas alterações climáticas, pela poluição e pela pesca excessiva. O Fórum identificará iniciativas e políticas que podem ajudar os países em desenvolvimento a explorar e a proteger o “oceano de oportunidades”.
Preferência comercial e igualdade de gênero
O potencial do sistema global de preferências comerciais, Sgpc, entre os países em desenvolvimento é ressaltado. A recente ratificação do acordo pelo Brasil reacendeu o interesse pelo acordo comercial preferencial, que entrará em vigor quando for ratificado por mais um membro.
A Unctad criou o Sgpc há mais de três décadas para ajudar os países em desenvolvimento a aumentar o comércio entre si e a diversificar e acrescentar valor às suas exportações. Os seus 42 membros representam um mercado de mais de US$ 16 trilhões e 20% das importações mundiais de mercadorias.
Além disso, a Unctad apresentará um novo estudo sobre o comércio eletrônico numa perspectiva de gênero e desenvolvimento. O levantamento indica as políticas necessárias para garantir que os benefícios das tecnologias digitais e o crescimento do comércio cheguem tanto às mulheres como aos homens.
A Unctad é a principal organização das Nações Unidas que lida com comércio e desenvolvimento. É um órgão intergovernamental permanente estabelecido pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em 1964. A Unctad faz parte do Secretariado da ONU e conta com 195 países membros.
*Com informações da Unctad, Genebra