• 26 de julho de 2021
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Emissões de CO2 terão recorde em 2023, aponta relatório

De acordo com a Agência Internacional de Energia, o cenário é consequência do baixo investimento em energias renováveis na retomada econômica pós-pandemia



Enquanto o planeta sofre com enchentes devastadoras na Europa e ondas de calor sem precedentes no Canadá – consequências diretas das mudanças climáticas -, as emissões de dióxido de carbono (CO2) seguem aumentando fortemente em todo o mundo e deverão alcançar novos recordes globais em 2023. O alerta vem de novo relatório divulgado nesta terça-feira (20) pela IEA (Agência Internacional de Energia). A publicação indica que o preocupante cenário é resultado de um investimento insuficiente em energias renováveis nos planos de recuperação econômica pós-pandemia.



“Estimamos que a implementação total e oportuna das medidas de recuperação econômica anunciadas até o momento resultaria em emissões de CO2 subindo para níveis recordes em 2023, continuando a aumentar depois disso”, informa o documento.



De acordo com o relatório, a maior parte dos U$ 16 trilhões anunciados para enfrentar a crise da Covid-19 foi destinada a medidas sanitárias e de apoio às empresas e famílias. Quase U$ 2,3 trilhões foram investidos na recuperação econômica, mas apenas US$ 380 bilhões, o que representa apenas 2%, para estimular energias verdes.



O documento aponta que os planos de gastos com energia limpa alocados por governos, principalmente de países ocidentais, representam cerca de um terço do que a IEA avalia ser necessário para colocar o mundo no curso para alcançar emissões líquidas zero até meados do século. Estudos recentes indicam que essa seria a única forma de limitar o aumento da temperatura global em 1,5 ° C até o final 2100, compromisso assumido por quase 200 nações no Acordo de Paris e que é considerado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) como fundamental para evitar as consequências mais catastróficas do aquecimento global.



Ao jornal The Guardian, Fatih Birol, diretor executivo da agência, afirmou que cerca de 90% do crescimento previsto nas emissões nos próximos anos virá e países pobres, e que a ajuda financeira de países ricos no desenvolvimento de energia verde para essas nações é fundamental. Esse é, aliás, um dos pontos centrais que deve ser debatido na próxima 26ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), que ocorrerá em novembro deste ano em Glasgow, na Escócia.



Há poucos dias, um grupo de mais de 100 governos de nações em desenvolvimento divulgou uma carta demandando mais esforços globais para o cumprimento da promessa feita em 2009 por países ricos de destinar ao menos US$ 100 bilhões anuais em financiamento climático a partir de 2020 a essas nações. Um documento divulgado pela organização humanitária internacional Care em junho havia apontado que os projetos de apoio dos países ricos às ações climáticas nos países pobres estão pelo menos US$ 20 bilhões abaixo do que haviam se comprometido, e que as propostas não são claras nem estabelecem cronogramas objetivos para a destinação dos fundos. O novo relatório da IEA reforça a pressão sobre essas nações para apresentarem soluções compatíveis com a promessa de serem protagonistas na virada para uma economia verde a nível global.


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