• 20 de novembro de 2013
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Emissões globais de CO2 devem atingir recorde de 36 bilhões de toneladas em 2013

As emissões globais de dióxido de carbono devem aumentar 2,1%, chegando ao recorde de 36 bilhões de toneladas em 2013. É o que sugerem novos dados de um estudo do Global Carbon Project (GCP), que reúne 49 cientistas de universidades e centros de pesquisa de dez países.


O estudo indica que esse aumento estimado fará com que as emissões globais provenientes da queima de combustíveis fósseis fiquem 61% acima dos níveis de 1990, o ano base do Protocolo de Quioto. O crescimento projetado de 2,1% para este ano é similar ao de 2,2% em 2012, e menor do que a média dos últimos dez anos, de 2,7%.

Entretanto, os pesquisadores alertaram que as emissões continuam aumentando, e isso precisa ser revertido para mantermos as mudanças climáticas em níveis controlados. “É importante entender que isso é apenas uma desaceleração no crescimento – as emissões a cada ano ainda estão maiores do que no ano anterior. Um crescimento de 2% ainda é um número muito grande”, comentou Pep Canadell, do centro CSIRO, à Fairfax Media.

Canadell acrescentou que se essa tendência de aumento continuar, o mundo chegará a dois graus de aquecimento em cerca de 30 anos.

“Os governos que se encontram em Varsóvia nesta semana precisam concordar sobre como reverter essa tendência. As emissões devem cair substancialmente e rapidamente se quisermos limitar as mudanças climáticas globais abaixo de dois graus [Celsius]. Emissões adicionais a cada ano causam mais aquecimento e mudanças climáticas”, colocou Corinne Le Quéré, professora de pesquisas climáticas do Centro Tyndall da Universidade East Anglia e líder do estudo.

Além da apresentação dessas informações, o GCP também lançou o Atlas do Carbono (imagem abaixo), uma nova plataforma online que fornece mais detalhes sobre os maiores emissores de carbono do mundo
A ferramenta revela que os maiores contribuintes para as emissões de CO2 em 2012 foram a China, com 27% das emissões globais, os EUA, com 14% das emissões globais, a União Europeia, com 10%, e a Índia, com 6%. O Brasil aparece em 15o lugar, com a emissão de 448 MtCO2. As maiores taxas de crescimento do carbono em 2012 foram na China, 5,9%, e na Índia, 7,7%. Já as emissões dos EUA caíram 3,7%, e as da Europa, 1,8%.

As emissões por pessoa na China alcançaram o patamar das emissões de países desenvolvidos como os da UE, com sete toneladas per capita em 2012. Ainda assim, o Catar é de longe o país com mais emissões por pessoa, 44 toneladas per capita. Os EUA emitem 16 toneladas por pessoa. Já Índia, país emergente, produz uma pegada de carbono de 1,8 toneladas per capita.

A pesquisa revela que a maior fonte de emissões é o carvão, com 43%, seguido do petróleo, com 33%, do gás natural, 18%, e a produção de cimento, 5,3%. O crescimento proveniente do carvão em 2012 chegou a 54% no aumento total das emissões de combustíveis fósseis.

Os dados também apontam que as emissões cumulativas de CO2 desde 1870 devem chegar a 2,015 trilhões de toneladas em 2013, sendo que 70% dessas emissões foram causadas pela queima de combustíveis fósseis, e 30% por desmatamento e outras mudanças no uso da terra.

“Já esgotamos cerca de 70% das emissões cumulativas que provavelmente manterão as mudanças climáticas abaixo dos dois graus [Celsius]. Em termos de emissões de CO2, estamos seguindo o maior cenário de mudanças climáticas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, lançado em setembro”, observou Pierre Friedlingstein, professor da Universidade de Exeter.

No começo de novembro, outro estudo já havia apontado que as emissões haviam batido um recorde de 34,5 bilhões de toneladas de CO2, mas que estariam desacelerando. De acordo com o documento da Agência de Análise Ambiental dos Países Baixos (PBL) e do Centro de Pesquisas Conjuntas da Comissão Europeia (JRC), 90% desse total foi consequência da queima de combustíveis fósseis.


Porém, os pesquisadores haviam destacado que houve uma significante desaceleração no aumento das emissões, passando de um crescimento de 2,9% em média nos últimos dez anos para apenas 1,1% no ano passado, números mais positivos do que o estudo do GCP.

“Isso sinaliza uma mudança em direção às atividades humanas menos intensivas em termos de uso de combustíveis fósseis, além de demonstrar os impactos do crescimento das fontes renováveis e das políticas de eficiência energética”, explicou um comunicado divulgado com o relatório.


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