• 20 de outubro de 2011
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
  • 1378

Empresas pedem redução de emissões globais de CO2

Mais de 202 das maiores companhias do mundo, incluindo a plataforma brasileira Empresas Pelo Clima, assinam hoje um documento convocando uma ação imediata para diminuir a liberação de GEEs e desenvolver uma economia verde

Se a mitigação das mudanças climáticas depende de ações governamentais, empresariais e individuais, pelo menos a última iniciativa de grandes firmas globais indica que podemos dar um pequeno passo em direção a um futuro de baixo carbono. Nesta quinta-feira (20), mais de 202 empresas mundialmente conhecidas assinam um comunicado pedindo que os governos ajam para evitar o agravamento das mudanças climáticas. Resta saber se os governos realmente atenderão ao pedido, e se as próprias companhias farão sua parte para contribuir com esse empreendimento multilateral.

O 2˚C Challenge Communiqué, ou Comunicado do Desafio dos 2˚C, está em sua quinta edição e foi lançado em diversas cidades em 29 países do mundo por membros da Rede de Líderes Corporativos para a Ação Climática (CLN) como a Shell, a Tesco, a Kingfisher, a BSkyB, a Unilever, o Banco Lloyds e a EDF.

Divulgado um dia após a declaração de 280 grandes investidores pedindo ao G20 ações climáticas concretas, o Communiqué alerta que “se não agirmos, os riscos das mudanças climáticas irão prejudicar seriamente a prosperidade global futura e infligir significativos custos social, econômico e ambiental no planeta” e declara que as firmas participantes manterão seu apoio “a acordos em mudanças climáticas no âmbito das Nações Unidas, que sejam robustos, equitativos e efetivos, construídos nos princípios existentes”.

No entanto, o documento enfatiza que são necessárias ações em níveis nacional e regional, pois “não podemos nem devemos esperar que um novo tratado internacional seja posto em prática. Todos os governantes devem adotar políticas e medidas nacionais que levem a ações rápidas. Essas políticas precisam ser ambiciosas, transparentes, mensuráveis e compatíveis com um futuro cenário global”.

O comunicado sugere ainda uma série de ações que os governos podem tomar para enfrentar e mitigar as mudanças climáticas, como: a colaboração internacional, a criação de mecanismos de mercado efetivos, o desenvolvimento de financiamentos de transição, o incentivo a inovações tecnológicas de baixo carbono e à eficiência, a urgência na conservação de florestas e a integração entre adaptação e diminuição de riscos climáticos.

“Acreditamos que um quadro que encoraje a cooperação global e estimule uma economia de baixo carbono, enquanto une países, empresas e indivíduos nessa responsabilidade, é indispensável”, declarou Mike Brown, executivo-chefe do Grupo Nedbank, uma das corporações que assina o documento.

Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), que na última semana havia pedido que companhias em todo o mundo financiassem investimentos em baixo carbono apesar das incertezas dos debates climáticos, apoiou a ação da CLN.

“Os governos já estabeleceram um caminho claro e coletivo para um futuro de baixo carbono, mas o mundo precisará cortar emissões mais rapidamente nos próximos anos para atingir todo o desafio das mudanças climáticas”, afirmou Figueres.

“As empresas que estão defendendo o Comunicado do Desafio dos 2˚C criaram um ótimo exemplo. A liderança corporativa que oferece um apoio vocal poderoso para ações dá aos governos a confiança maior que eles precisam para levar adiante um acordo de mudanças climáticas global que acabará por cobrir a atual lacuna de ambição”, acrescentou a secretária-executiva.

EPC

Mas não são apenas firmas internacionais que estão incluídas na iniciativa do Communiqué. Algumas empresas brasileiras, como o Banco do Brasil, a Santos Brasil, o Grupo Boticário, a Natura, o Santander, a Pepsico e a TIM também assinam o documento. Essas companhias fazem parte da plataforma brasileira Empresas Pelo Clima (EPC), cujo objetivo é articular lideranças empresariais para gestão e redução das emissões de gases do efeito estufa (GEEs).

Atualmente, a EPC conta com 39 companhias membro, e realiza diversas atividades para mobilizar e qualificar as firmas brasileiras nas discussões climáticas internacionais. Nesta quinta-feira (20), a EPC realiza em São Paulo o Evento Anual da Plataforma Empresas Pelo Clima, que reunirá membros e representantes dos setores privado, público e da sociedade civil para discutir cenários e tendências no contexto das questões climáticas.




Empresas contempladas