• 21 de novembro de 2011
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Entre puxões de orelhas e inspirações, congresso aponta caminhos para o jornalismo ambiental

Não foram poucas as críticas feitas à cobertura socioambiental no Brasil durante o IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA), que terminou no sábado (19) e reuniu mais de 400 jornalistas e profissionais ligados ao meio ambiente na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Logo na abertura do evento, no dia 17, André Trigueiro, da GloboNews, referiu-se ao vazamento de petróleo na Bacia de Campos. Segundo ele, o assunto está sendo coberto de forma desprezível pelos veículos de comunicação. “Por que o desemprego na Itália tem mais espaço do que o vazamento da Chevron?”, questiona o jornalista. A questão do Código Ambiental também recebeu comentários duros: “Não vi a mídia questionar com competência o déficit de ciência na elaboração desse projeto.”

Ladislau Dowbor, economista e professor da PUC de São Paulo, durante a primeira palestra de inspiração do congresso, também fez uma crítica feroz aos veículos de comunicação. “As milhões de TVs que temos no país não são utilizadas de forma inteligente. O que importa para a população tem que começar a aparecer na mídia”, aponta. “Um dos problemas que enfrentamos é o aumento do consumo. O business as usual tem que acabar. Mas as mídias são financiadas por essas empresas que insentivam o consumo de massa”, denuncia.

O outro lado

Mas não foi só o lado negro do jornalismo que ganhou espaço nas rodas de discussões do congresso. Se a cobertura ambiental está aquém do desejado, como apontaram diversos palestrantes e congressistas, ela está melhor do que já esteve antes. Hoje, dificilmente um veículo não dá espaço para a temática. Seja por meio de especiais, editorias ou matérias dispersas, certo é que meio ambiente está lá.

Além das mídias tradicionais estarem dando mais espaço para a questão, a internet foi apontada como a grande ferramenta para os comunicadores. As chamadas novas mídias ganharam espaço em diversas palestras, sendo apontadas como a ferramenta ideal para o jornalista conseguir passar sua mensagem de forma rápida e independente. “E não importa o tamanho da sua audiência”, conforta a especialista no assunto Rizzo Miranda. “Se você conseguir tocar aquele pequeno público com aquilo que está falando, já estará fazendo a diferença”, atesta.

E como concluiu Trigueiro, o jornalista tem que incomodar. “Se não incomoda é porque está em crise. E aí, é melhor repensar sua carreira!”


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