• 25 de novembro de 2013
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Etapa crítica de limpeza na usina nuclear de Fukushima tem início

Os trabalhos para a remoção de mais de 1,5 mil tubos com material altamente radioativo (incluindo urânio e césio), uma das etapas mais críticas dos esforços de limpeza da usina nuclear de Fukushima, iniciaram nesta semana.

A operação delicada terá duração de cerca de um ano e está sendo realizada no reator de nº 4, localizado em um edifício 18 metros acima do nível do solo cuja estrutura foi seriamente danificada pelo terremoto seguido de tsunami há quase dois anos e meio no Japão.

O reator quatro foi o único que não sofreu derretimento devido ao desligamento dos sistemas de resfriamento após o tsunami, porém no local houve uma explosão de hidrogênio que trouxe outras preocupações relacionadas à exposição dos tubos ao ar (imagens). Desde então, a estrutura danificada foi refeita.

A operadora da unidade, a Tepco, anunciou que os primeiros dias de trabalho no reator quatro foram completados com segurança. Os tubos, dispostos em uma piscina, estão sendo coletados um a um e armazenados em um contêiner. Posteriormente, os tubos, que não podem ser expostos ao ar sob risco de contaminação, serão descarregados em outra piscina mais estável, há 100 metros de distância, para estocagem ‘segura’.

Trinta e seis trabalhadores estão conduzindo a transferência, alvo de muitos temores.

“O processo envolve um risco potencial muito alto. De certa forma, é ainda mais arriscado do que a crise de água radioativa”, comentou Shunishi Tanaka, chefe da Autoridade de Japonesa de Regulação Nuclear, ao se referir aos episódios recorrentes de vazamento de água contaminada durante os últimos anos.

“Se a Tepco errar novamente e não der conta da tarefa, os trabalhadores podem ser expostos a níveis excessivos de radiação e, no pior cenário, pode haver uma liberação massiva de radiação para a atmosfera”, disse Kazue Suzuki, do Greenpeace Japão. A ONG alerta ainda que o reator quatro possui, a princípio, três tubos que foram danificados e que a Tepco ainda não comentou sobre como irá removê-los.

A Tepco lançou um comunicado na tentativa de acalmar os ânimos dos críticos, dizendo estar “determinada a agir acertadamente contra estes riscos”.

Inclusive, a empresa assegura que testes estão sendo conduzidos periodicamente para garantir que a estrutura da usina aguentaria outro terremoto da magnitude (9 na escala Richter) do que abateu sobre a região em março de 2011.

Preocupantemente, geólogos disseram em um artigo publicado no periódico Geophysical Research Letters de maio de 2013 que, após o enorme terremoto de 2011, a atividade sísmica no entorno da capital japonesa triplicou. Eles alertam que agora há o dobro de chances (passando de 6,6% para 17,2%) de que um grande terremoto se abata sob Tóquio nos próximos cinco anos.


Em janeiro de 2012, o Centro de Pesquisas em Terremotos da Universidade de Tóquio afirmou que há uma possibilidade de 70% de que um tremor de magnitude sete ou mais atinja a capital até 2016.


Entretanto, muitos críticos alegam que a Tepco não seria digna de confiança, considerando as acusações de que teria usado relatórios falsos de inspeções para acobertar falhas na usina, que teria sido negligente no episódio do tsunami e não estaria sendo competente nos esforços de limpeza após os diversos vazamentos registrados.

Entre 25 de novembro e 4 de dezembro, a Agência Internacional de Energia Atômica realizará uma avaliação dos esforços da Tepco em Fukushima.

As atividades gerais para a limpeza da área da usina devem levar mais 40 anos, e o que agrava ainda mais a situação é que ainda será preciso desenvolver tecnologias para finalizar os trabalhos sem precedentes.

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