FAO pede maior eficiência na pecuária
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura alerta que é preciso melhorar as técnicas de produção para atender o aumento do consumo causado pelo enriquecimento da população dos países em desenvolvimento
A saída de milhões de pessoas da pobreza é algo a ser comemorado, mas também representa um desafio para os governantes que devem se preocupar em como atender as necessidades desses cidadãos que começam a ter acesso a melhores condições de vida. É preciso, por exemplo, aumentar o fornecimento de energia, de transporte e é claro de comida.
O relatório mais recente da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), intitulado World Livestock 2011 (Pecuária Mundial 2011), afirma que o consumo de carne vai crescer 73% até 2050 e o de laticínios 58%.
Para atender essa demanda, a saída que está sendo desenvolvida ao redor do mundo é a da criação intensiva, o que para a FAO é um erro.
“Esse sistema causa diversos problemas ambientais como a poluição das águas e emissões de gases do efeito estufa, além de deixar os animais estressados e vulneráveis a doenças”, detalha o relatório.
A entidade divulgou em novembro que a produção global de carnes deverá aumentar apenas 1% em 2011, para 295 milhões de toneladas. Além disso, a carne chegou neste ano ao seu preço mais elevado em duas décadas devido ao aumento da demanda, problemas climáticos e doenças nos animais.
Segundo a FAO, as tecnologias existentes já permitem que o gado seja criado de uma forma mais saudável e não menos produtiva. É possível reduzir o desperdício de água e ração, por exemplo, e melhorar o ganho dos criadores sem necessariamente precisar aumentar o número de animais.
Também é viável a formação de cooperativas, o uso da reciclagem de produtos agroindustriais e o melhor aproveitamento dos resíduos para projetos de biomassa.
Desenvolvimento desigual
Desde 1967, a produção mundial da pecuária mais que dobrou em todos os setores. O fornecimento de carne de aves subiu 700%, a bovina 180%, suína 290% e o leite 180%.
Entretanto essa tendência não é uniforme em todos os países. A produção cresceu rapidamente nas nações mais ricas, na América Latina e no Sudeste Asiático, porém a África não acompanhou o mesmo ritmo.
Assim, determinadas regiões já sofrem com a falta de acesso à proteína animal.
A FAO destaca mais um símbolo da desigualdade ao afirmar que enquanto os africanos consomem apenas 17% das proteínas animais que seria recomendado, a Europa, a Oceania e as Américas estão consumindo carne em demasia, o que também traz riscos à saúde.
A entidade conclui que o problema não é somente “como produzir mais carne”, mas também como educar as pessoas a se alimentarem de uma forma mais racional e saudável.
Autor: Fabiano Ávila