• 12 de junho de 2012
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Falta de água pode afetar crescimento econômico mundial

Sempre ouvimos falar que a água é essencial para a vida do ser humano, mas sua disponibilidade está além da esfera biológica, e afeta também o campo econômico. É o que salienta um novo relatório da consultoria Frontier Economics e do banco HSBC, que afirma que a escassez hídrica poderá prejudicar o crescimento econômico mundial nas próximas décadas. A saída é investir em uma melhor distribuição, saneamento, tratamento e economia de água para todos.

De acordo com o documento, até 2050 as dez bacias hidrográficas mais populosas do mundo – dos rios Ganges, Yangtzé (rio Azul), Indo, Nilo, Huang He (rio Amarelo), Huai, Níger, Hai, Krishna e Danúbio – terão capacidade para gerar 25% do PIB global; atualmente, as regiões que compreendem essas bacias geram 10% do PIB global.

No entanto, isso só acontecerá se houver uma mudança no processo de manejo hídrico dessas bacias, caso contrário este crescimento ficará sob a ameaça de um consumo insustentável de água. Se isso acontecer, o texto prevê a escassez de água em pelo menos sete das dez bacias, incluindo a dos rios Ganges, Amarelo e Níger.

“Assumia-se até agora que a água sempre estaria disponível. As pessoas estão percebendo que isso agora não é assim”, comentou Nick Robins, diretor do Centro de Excelência em Mudanças Climáticas do HSBC.

Por isso, o relatório sugere que é necessário um maior investimento nos recursos de água doce e um melhoramento no tratamento, na economia de água e em como a água é usada na agricultura, na indústria e nas residências.

Além disso, o documento indica que os desenvolvedores de políticas devem entender a relação entre a água, a produção de alimentos, a energia e as mudanças climáticas e procurar formas de atrair investimentos para aperfeiçoar a infraestrutura hídrica.

“As descobertas mostram que o futuro das bacias hidrográficas é fundamental para o crescimento econômico. Ações rápidas e colaborativas em todo o mundo são necessárias. O relatório também enfatiza a forte lógica econômica de melhorar o acesso à água doce e saneamento, em um momento em que a ajuda total ao acesso à água e ao saneamento diminuiu”, observou Douglas Flint, presidente do HSBC.

Mas o texto aponta que, se há necessidade de investimentos, há também muitas possibilidades de ganho com isso. O relatório diz que investir no acesso universal à água resultaria em um ganho econômico mundial anual de US$ 220 bilhões. Os países poderiam ter um retorno de US$ 5 para cada US$ 1 gasto, embora na América Latina esse retorno possa chegar a US$ 16, e alguns países africanos poderiam receber todo esse retorno em três anos.

“[Os investimentos em água] são ativos de longa vida bastante seguros, então não há muito risco aí. Mas você realmente precisa dar aos investidores garantia de que os ativos estão a salvo”, declarou Robins.

O próprio HSBC está investindo na questão, e dará US$ 100 milhões nos próximos cinco anos para a WaterAid, a EarthWatch e o WWF para combater problemas hídricos. “Essa parceria resultará em 1,1 milhão de pessoas recebendo acesso à água potável e 1,9 milhão melhorando sua higiene e saneamento em Bangladesh, Índia, Nepal, Paquistão, Nigéria e Gana”, disse Barbara Frost, CEO da WaterAid.

O programa anterior de cinco anos do banco se focava nas mudanças climáticas, mas Robins explicou que a mudança de foco não é uma grande alteração, pois os dois temas estão intimamente ligados.

“A água é a forma pela qual as mudanças climáticas são expressas. Você tem a ruptura dos padrões climáticos tradicionais; áreas secas ficam mais secas, enquanto áreas úmidas ficam mais úmidas; e há também eventos climáticos extremos. A água é o coração da adaptação às mudanças climáticas”, concluiu.

Para obter uma cópia do relatório, entre em contato com Paul Cullum da Frontier Economics: p.cullum@frontier-economics.com ou 44 (0) 20 7031 7000.

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