Fracassa iniciativa para evitar a exploração de petróleo na Amazônia equatoriana
Presidente do Equador chama a comunidade internacional de hipócrita e afirma que o projeto Yasuní falhou por não contar com o respaldo de outras nações
"O mundo falhou com o Equador (...) Não era caridade que queríamos, mas que todos cooperassem para lidar com as mudanças climáticas", afirmou Rafael Correa, presidente equatoriano, ao anunciar que o projeto Yasuní será abandonado.
A iniciativa, formulada em 2007, pretendia arrecadar US$ 3,6 bilhões em 13 anos como compensação ao Equador por não explorar o petróleo na região de Yasuní Ishpingo-Tambococha-Tiputini (ITT), que é considerada uma Reserva Natural da Biosfera pela UNESCO.
O plano foi sugerido pelo próprio Equador, que abriria mão da exploração de estimados 920 milhões de barris de petróleo, 20% das reservas nacionais, se a comunidade internacional ajudasse o país a adquirir divisas com a preservação da Amazônia.
No entanto, apenas US$ 13 milhões foram entregues ao projeto, e somente outros US$16 milhões estão prometidos.
“O fator fundamental do fracasso é que o mundo é uma grande hipocrisia”, continuou Correa, atacando a comunidade internacional. Segundo ele, os líderes mundiais não poupam discursos bonitos sobre os perigos do aquecimento global nas conferências do clima, mas na hora de agir não se mobilizam.
Correa destacou que pelos dados do governo, a exploração do petróleo renderá ao país mais de US$ 7 bilhões, então, quem mais contribuía para o projeto era o próprio povo equatoriano, que estava abrindo mão de boa parte dessa riqueza.
“Yasuní talvez estivesse muito à frente de nosso tempo. A incompreensão dos responsáveis pela mudança climática tornou tudo mais difícil, assim como a crise financeira nos países desenvolvidos”, disse.
Agora o Equador começará o processo de avaliação de como melhor explorar o petróleo na reserva. A promessa é que será utilizado o que há de mais moderno em tecnologias para mitigar os impactos ambientais. Mas a previsão é que pelo menos 400 milhões de toneladas de CO2 equivalente sejam liberadas para a atmosfera.
“Com profunda tristeza, mas com absoluta responsabilidade com nosso povo e com a história, aprovei um decreto eliminando a iniciativa Yasuní. Supervisionarei pessoalmente, caso a Assembleia Nacional autorize, a atividade extrativa para que não supere uma área maior do que 1% do parque”, declarou o presidente.
“Temos vivido acostumados com as enfermidades que são as patologias da miséria e hoje apenas metade dos equatorianos possuem serviço de água potável e saneamento básico. Para sair dessa situação, o país precisa dos recursos do petróleo”, concluiu.