Governo japonês confirma urgência do vazamento em Fukushima
O desastre ocorrido em Fukushima, Japão, no inicio de 2011 não cessa de trazer notícias terríveis aos habitantes da região. Nesta quarta-feira (7), um oficial do Ministério da Economia, Comércio e Indústria declarou que até 300 toneladas de água altamente contaminada pode estar fluindo para o oceano.
Após o anúncio, o primeiro-ministro Shinzo Abe disse que, ao invés de esperar por medidas da Tepco, operadora da usina nuclear, o governo tomaria todas as ações necessárias para conter o vazamento. Opções como congelar o solo ao redor do local da usina nuclear estão sendo consideradas.
Na realidade, ainda não se sabe desde quando isto pode estar ocorrendo e nem mesmo se este é o volume exato que tem vazado das piscinas usadas para estocar água radioativa proveniente do resfriamento dos reatores danificados.
No inicio de julho, a Tepco reconheceu pela primeira vez que água contaminada presente no solo da unidade provavelmente estaria fluindo para o mar. Em janeiro, a empresa havia constatado um alto nível de radiação em peixes ao redor da usina.
O Greenpeace denunciou que a Tepco tem feito de tudo para minimizar o vazamento.
“Por mais de dois anos temos assistido a Tepco falhar no controle do desastre e na transparência sobre a real situação... mas o governo japonês decidiu manter a Tepco à frente do caso, entregando a gestão do desastre para aqueles que o causaram”, declarou a ONG.
Até agora, os esforços de limpeza da área estão planejados para durar 40 anos e custar US$ 11 bilhões. Das 50 usinas nucleares fechadas no país na época do desastre, apenas duas foram reabertas, porém há planos para a entrada em operação das demais.
Impactos
Simon Boxal, do Centro Nacional de Oceanografia de Southampton (Reino Unido), disse ao New Scientist que os elementos radioativos se dispersam no oceano e não haveria ameaça para o Pacífico como um todo, porém, que nas redondezas de Fukushima, problemas existiriam.
Scott Burnell da Comissão Regulatória Nuclear dos Estados Unidos disse à Reuters que não acredita que o fluxo afetará a sua costa oeste norte-americana, já que o volume estimado é muito menor do que a Tepco já havia liberado para Oceano Pacífico nas semanas após o desastre de 2011.
Porém, modelos matemáticos desenvolvidos pelos pesquisadores Changsheng Chen, da Universidade de Massachusetts, e Robert Beardley, do Instituto Oceanográfico Woods Hole, concluíram que as partículas radioativas dispersam pelo oceano de formas diferentes e que, em alguns casos, em apenas cinco anos a costa norte-americana poderia ser alcançada pela água contaminada.