• 16 de novembro de 2021
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
  • 3068

Guterres destaca que lacuna nas emissões é a grande ameaça ao clima

Secretário-geral voltou à COP26, em Glasgow, e disse estar “inspirado” com a mobilização da sociedade civil e dinamismo das comunidades indígenas; António Guterres classifica de encorajadores anúncios feitos no evento, mas se mostra preocupado com possibilidade de aumento de emissões nos próximos anos. O secretário-geral das Nações Unidas está de volta a Glasgow, na Escócia, onde acompanha a reta final da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, COP26. António Guterres afirmou estar “inspirado” com a mobilização da sociedade civil” e com o “dinamismo e o exemplo das comunidades indígenas”. 



Possível aumento das emissões 




Secretário-geral da ONU, António Guterres, faz discursos para delegações na COP26.





Foto: UNRIC/Miranda Alexander-Webber - Secretário-geral da ONU, António Guterres, faz discursos para delegações na COP26.



Na véspera da apresentação do documento final da COP26, o chefe da ONU pediu aos governos para que demonstrem a “ambição necessária sobre mitigação, adaptação e financiamento” climáticos. Guterres explicou que para manter o aumento da temperatura global a 1.5 °C, será necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 45% até 2030. Mas o secretário-geral alerta: as Contribuições Nacionalmente Determinadas apresentadas pelos países levarão a um aumento das emissões nos próximos nove anos.  



EUA & China  

Segundo ele, o mundo continua “no caminho para um aumento catastrófico da temperatura bem acima dos 2 graus”. Guterres lembra a necessidade de haver um corte rápido de emissões ainda nesta década. Ele elogiou o acordo de cooperação firmado entre Estados Unidos e China contra a mudança climática.  Mas criticou o fato de a indústria de combustíveis fósseis receber trilhões em subsídios e o carbono continuar sem um preço, “prejudicando mercados e decisões de investidores”.  Na COP26, Guterres pediu para “todos os países, cidades, empresas e instituições financeiras reduzirem radicalmente as emissões e descarbonizarem seus portfólios a partir de agora”.  



Fiscais do net zero  



Na avaliação do chefe da ONU, os compromissos firmados até o momento em Glasgow são “encorajadores”, mas a lacuna nas emissões continua “sendo uma enorme ameaça”.  Ele anunciou que irá estabelecer “um Grupo de Especialistas de Alto-Nível para propor padrões claros de medição e análise dos compromissos sobre net zero (zero emissões líquidas de gases)”, sendo que uma série de recomendações será apresentada no próximo ano. Com a conferência quase chegando ao fim, a participação dos jovens continua muito ativa em Glasgow. A brasileira Marina Guião tem apenas 17 anos e está na COP26 para fazer pressão: 




68% da população mundial estará vivendo em cidades até 2050. Undp/ Tunisia - 68% da população mundial estará vivendo em cidades até 2050.



Papel das cidades  



“Estamos vendo muitas promessas vazias, muitos acordos sendo assinados, mas quando a gente volta para o Brasil, a gente vê destruição, incêndios, a gente vê mineradoras tomando conta das nossas florestas e dos nossos biomas. Viemos para cá para pressionar e para dizer que a juventude está atenta com o que está acontecendo e não vamos mais deixar a boiada passar.” O penúltimo dia da COP26 foi marcado por debates sobre cidades e meio ambiente, destacando que 68% da população global estará vivendo em áreas urbanas até 2050.Aproximadamente 1,6 bilhão de habitantes das cidades estarão expostos regularmente a temperaturas extremamente altas.  Já o aumento do nível do mar e as enchentes costeiras afetarão 800 milhões de pessoas. Acelerar a transição para emissões líquidas zero será vital para conseguir manter o aumento da temperatura global perto da meta de 1,5 graus. De acordo com a ONU-Habitat, as cidades consomem 78% da energia mundial e produzem 60% das emissões de gases de efeito estufa, apesar de representarem menos de 2% da superfície terrestre.   




Vários protestos aconteceram durante a COP26, em Glasgow.Foto: UN News/Conor Lennon - Vários protestos aconteceram durante a COP26, em Glasgow.

  


Empresas contempladas