• 29 de janeiro de 2015
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Instituto desenvolve tecnologia inovadora para detecção de vazamento de água potável

Solução desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia e Inovação, Venturus, permite maior assertividade na detecção de vazamentos em redes de abastecimento

Como se a falta d’ água não fosse suficiente, ainda há desperdício. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do Ministério das Cidades, 37% da água tratada no Brasil é desperdiçada antes de chegar às torneiras da população. Isso ocorre principalmente devido às falhas nas tubulações, vazamentos e ligações clandestinas. A região Norte lidera as perdas no país, com 45% de perdas. No Sudeste o desperdício chega a 33,4%.

Principalmente em tempos de escassez hídrica, a gestão eficaz de perdas de água é fundamental para, ao menos, minimizar os danos causados ao consumidor, às indústrias e a todos os outros setores que tem a água como elemento principal em seu processo de funcionamento. Em entrevista especial à Envolverde, o gerente executivo do Instituto de Tecnologia e Inovação, Venturus, Lauzier Araújo, apresenta um sistema integrado com foco em detecção de vazamentos por meio de uma infraestrutura computacional que integra as metodologias de análise hidráulica (pressão e vazão) e análise acústica (ruídos), para identificar, de modo rápido e confiável, o ponto exato de vazamento nas tubulações.

“É a informação provendo mais dados, para que a intervenção seja mais efetiva”, resume ele. Na entrevista, o executivo fala como a integração entre mundo físico e virtual pode trazer soluções para evitar o desperdício de recursos naturais. O conceito de smart cities, ou cidades inteligentes, explica bem esta lógica: tecnologias avançadas são desenvolvidas para atender às demandas da população e proporcionar maior agilidade na detecção de problemas ou até mesmo se antecipar a futuros desgastes. Confira.

Além de atuar na área de pesquisa e desenvolvimento quais outras soluções são oferecidas pelo Instituto Venturus?

O Venturus foi fundado há 20 anos. Ele foi criado principalmente para atuar nas áreas de telecomunicações e mobilidade. Hoje, oferece soluções e produtos para clientes globais em diversos setores, como tecnologia da informação, manufatura, água e energia, automação comercial, meios de pagamentos, entre outros.

O Venturus vem há anos investindo em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias para solucionar problemas comuns a grandes cidades. O setor de água e energia está hoje no topo das discussões, principalmente devido à crise hídrica que assola a região sudeste do Estado de São Paulo. Quais soluções o Instituto tem desenvolvido nessa área?

O Venturus, há aproximadamente 5 anos, começou a desenvolver uma solução automatizada e integrada que identifica os locais da rede de abastecimento onde existe desperdício de água sem a necessidade de inúmeras intervenções. O sistema foi desenvolvido especialmente para um de nossos clientes, que inclusive fornece serviços para a Sabesp. O projeto – que ainda está em fase experimental – conta com o aporte financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e apresenta um alto nível de inovação.

Como funciona esta tecnologia?

Eu diria que é um sistema hierárquico. No alto nível nós temos equipamentos que são instalados em macro regiões e monitoram, por exemplo, a medida de pressão da água. A partir daí são feitas uma série de avaliações matemáticas sendo possível definir uma área menor onde existe um provável vazamento. Em seguida, são instalados equipamentos em algumas ruas de um bairro. Nessa fase é feita, por exemplo, uma avaliação do ruído de canos. Novamente são gerados uma série de algoritmos que são comparados com padrões prévios onde é possível detectar, em um nível menor ainda, se existe em determinada rua ou quarteirão uma grande probabilidade de vazamento. Depois disso se chega a um último nível aonde um operador vai a campo com um equipamento, também desenvolvido pela Venturus, e literalmente escuta os ruídos do solo. Com a experiência do operador e com a ajuda de softwares inseridos em smartphones, sua avaliação será mais assertiva. Quando o vazamento é identificado o próprio smartphone gera uma ordem de serviço e abre uma chamada para uma equipe que poderá cavar o local definido.

4 – Um relatório do governo federal, divulgado no último dia 21, apontou que o Brasil desperdiça 37% da água tratada para consumo. Isso ocorre principalmente devido às falhas das tubulações. De que forma esse sistema desenvolvido pelo Venturus pode melhorar a assertividade na detecção de vazamentos, diminuindo assim as perdas?

Quando o sistema define regiões geográficas maiores e através de equipamentos reduz a área de pesquisa de prováveis vazamentos a áreas cada vez menores, ele permite uma melhor precisão na hora de cavar a rua, por exemplo, evitando um mal estar desnecessário. Quando se há uma intervenção desse tipo causam-se transtornos para os pedestres e atrapalha o trânsito de veículos. A ideia do sistema é agregar tecnologia, melhorar a precisão e a assertividade desse processo.

Diversos projetos de smart cities, ou cidades inteligentes, estão sendo criados no mundo todo. A integração entre o mundo físico e o virtual é a melhor solução para reduzir o desperdício dos recursos naturais?

O Venturus vê a possibilidade, do que eu chamo de internet das coisas. Cada vez mais você agrega conectividade a elementos, e permite que eles passem a trazer uma gama muito grande de informações, que quando agregadas e processadas, vão gerar uma série de outras informações que vão permitir que os governos, as áreas, as entidades, possam ser mais assertivas nas intervenções que fazem. O Venturus acredita nesse potencial de conectividade e mobilidade para ajudar os governos a usar melhor o nosso dinheiro. É a informação provendo mais dados, para que a intervenção seja mais efetiva.

E este conceito pode ser aplicado em diferentes áreas.

Exatamente. Na área de água existe um potencial pouco explorado. Por exemplo, um dos equipamentos do Venturus e é conectado no cavalete de uma casa comum e fornece determinadas informações. Imagine isso sendo ampliado para um monitoramento mais contínuo. Podemos pensar que daqui a algum tempo vamos ter soluções que são mais preventivas, do que reativas.

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