• 22 de maio de 2017
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
  • 905

Inundações costeiras podem dobrar em 2030

Estudo mapeou o impacto do aumento do nível do mar em regiões litorâneas e fez um alerta: áreas tropicais, como Rio de Janeiro e Vitória, serão as mais atingidas pelos eventos climáticos extremos



Uma pesquisa publicada na última quinta-feira revela que um aumento de 5 a 10 centímetros no nível do mar pode mais do que duplicar a frequência inundações nas regiões litorâneas dos trópicos já em 2030. O modelo matemático mediu o impacto do ganho de volume do oceano na dinâmica das ondas e das marés. Tudo dentro daquele limite dito seguro do Acordo de Paris, de 1,5oC de elevação da temperatura média do planeta.



Segundo o americano Sean Vitousek, da Universidade de Illinois em Chicago, um dos autores do estudo, o aumento do nível do mar altera a geração, a propagação e a interação de energia das tempestades. De acordo com ele, a frequência e o impacto das inundações serão maiores justamente onde a alteração do nível da água tende a ser menor, como nas regiões tropicais. “São locais onde qualquer variação é mais sentida, locais onde há menos exposição a ondas gigantes. Além disso, os entornos estão menos preparados para as inundações”, disse. O trabalho foi publicado no periódico Scientific Reports.



Especialista na mecânica dos fluidos ambientais, Vitousek reforça que o volume extra de água torna os eventos climáticos mais graves e duradouros, podendo aumentar o número de vítimas e de refugiados do clima. “Especialmente em lugares vulneráveis, onde a topografia costeira, a estrutura de defesa do litoral e os sistemas de drenagem não atuam como barreiras, o estrago será maior”, afirmou.



Na região tropical, um aumento de até 10 cm no nível do mar pode diminuir para 4,9 anos a frequência de grandes inundações, que antes ocorriam a cada 50 anos. No Brasil, um aumento de 10 cm a 20 cm deve aumentar a frequência de inundações especialmente no Rio de Janeiro e no entorno de Vitória, podendo levar a fechamentos de estradas e a destruição de casas e infraestrutura urbana.



“Outro problema que o Brasil pode enfrentar é a exposição dos moradores a águas poluídas, uma vez que várias das baías e estuários sofrem com a baixa qualidade da água. Além disso, a elevação do nível do mar pode frequentemente acelerar a erosão costeira de praias arenosas e falésias”, disse. As regiões mais atingidas estão na costa do Oceano Índico, do Atlântico Sul e do Pacífico.



Até cidades localizadas em latitudes mais altas, como a canadense Vancouver, e as americanas Seattle, San Francisco e Los Angeles, além da costa atlântica europeia, também terão a frequência de inundações duplicadas se a elevação do nível do mar for superior a 10 cm.



Embora o estudo indique as regiões mais suscetíveis ao avanço da água, ele não consegue prever o momento exato em que elas ocorrerão, já que dependem das condições do tempo e das variações da geomorfologia costeira, como a quantidade de sedimentos, a topografia local e a camada de atrito. De todo modo, é mais um bom motivo para evitar a elevação da temperatura global e o perigoso aumento do nível do mar com o derretimento das geleiras.


Empresas contempladas