• 29 de abril de 2014
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Japoneses continuarão caçando baleias mesmo após proibição da Corte de Haia

O Japão decidiu na última semana manter a sua tradição de caçar baleias, desrespeitando assim uma determinação do Tribunal Internacional de Justiça (ICJ), em Haia, nos Países Baixos, que em março considerou a atividade ilegal.


Para continuar caçando, os japoneses reformularam seu programa baleeiro para se aproveitar das ‘brechas’ na decisão do ICJ. O objetivo do Japão é justificar a caça dos mamíferos como sendo uma prática científica. Quatro navios já partiram da cidade de Ishinomaki, na província de Miyagi, iniciando uma nova temporada de matança.

A caça japonesa às baleias é intensamente criticada pela comunidade internacional desde 1986, quando a Comissão Baleeira Internacional (IWC) implementou uma proibição global à compra de carne de baleia. Os japoneses, contudo, alegam que a caça tem propósitos científicos, apesar de poucas descobertas na área terem sido publicadas, e declararam que pretendem manter a caça para estes fins.

“Nosso país seguirá firmemente sua política básica de conduzir a caça às baleias para pesquisa, com base na legislação internacional e fundamentação científica, para coletar dados científicos necessários para a regulamentação dos recursos baleeiros, e visando ao recomeço da atividade baleeira comercial”, disse Hayashi Yoshimasa, ministro japonês da Agricultura, Florestas e Pesca.

Como não esperavam pela ação, muitos ambientalistas, que costumam protestar quando os barcos pesqueiros saem, não estavam lá, mas criticaram posteriormente a ação japonesa, afirmando que é um enorme retrocesso.

“Há um bom tempo é evidente que a ‘ciência’ tem sido abusada em grande escala para justificar a continuidade da caça comercial de baleias protegidas, apesar de o mercado ser cada vez menor para a carne de baleia no Japão”, comentou Clare Perry, da Agência de Investigação Ambiental.

De fato, o consumo de carne de baleia no Japão tem caído muito nos últimos anos, e uma recente pesquisa apontou que apenas 14% dos japoneses realmente comem esse tipo de carne, não fazendo parte regular da dieta da população.

Contudo, muitas das comunidades que dependem dessa indústria alegam que, se a caça for proibida, isso custará ao país milhares de empregos e ameaçará a subsistência de muitos japoneses.

“As pessoas de fora estão dizendo muitas coisas, mas queremos que elas entendam nossa perspectiva o tanto quanto possível. Para mim, a caça às baleias é mais atrativa do que qualquer outro emprego”, comentou Koji Kato, pescador de Ishinomaki.

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