Em documento, novo ministro culpa Covid por cancelamento de quase metade das operações do Ibama, comemora ações que não saíram do papel e tenta desqualificar Inpe
O Ministério do Meio Ambiente publicou um documento no Diário Oficial da União nesta segunda segunda-feira (26/7) com o “objetivo de divulgar os esforços e resultados alcançados no que toca ao controle do desmatamento ilegal e dos incêndios florestais” em 2020, ano em que a devastação bateu recordes na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal. O Balanço de Atividades mostra que a política de desmonte e desinformação segue inalterada com Joaquim Leite, sucessor de Ricardo Salles, que caiu em junho sob acusação favorecer o contrabando de madeira ilegal.
O Ibama cancelou 44,5% das operações planejadas para o ano passado, revela o documento: “Da parte do Ibama, das 1.171 operações planejadas para 2020, foram executadas 650”. O MMA culpou a pandemia de Covid-19, mas podia ter feito a fiscalização remota do desmatamento, que o Ibama iniciou em 2016 e foi desmobilizada sob Bolsonaro. Além disso, o governo sabe do déficit de fiscais desde 2018, e nunca quis fazer concurso.
Resultado: o total de multas aplicadas pelo Ibama por crimes contra a flora na Amazônia caiu pela metade na comparação com 2018, último ano do governo Temer.
O documento repete dados da operação militar Verde Brasil divulgados em novembro de 2020 pelo Ministério da Defesa que demonstram o fracasso da iniciativa: em seis meses foram aplicadas multas que somam R$ 1,79 bilhão e embargados 99 mil hectares. Apesar do “reforço” de mais de 3 mil militares na região, houve queda de multas e embargos em relação ao mesmo período de 2019, como mostramos aqui. Na gestão Leite, um card de Twitter virou resultado de política pública.
No balanço, o MMA desinforma ao afirmar que a “tendência de aumento (do desmatamento) desde 2012 demonstra o esgotamento das iniciativas anteriores e corrobora com a necessidade de desenvolver novas soluções que sejam mais efetivas na prevenção e no combate ao desmatamento ilegal”, e que “neste contexto, o MMA buscou fazer uma avaliação crítica das lacunas deixadas pelas iniciativas anteriores e elaborou um novo Plano Nacional de Controle do Desmatamento Ilegal e Recuperação da Vegetação Nativa”.