• 29 de janeiro de 2019
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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MMA reforça ações para conter danos ambientais

Equipes fazem monitoramento diário da pluma tóxica ao longo do rio Paraopeba, na região atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho (MG). Nesta terça, trabalhos serão ampliados para resgate da fauna.



Equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculados ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), fazem desde sexta-feira (25) o monitoramento e avaliação dos danos ambientais na região atingida pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da empresa Vale S.A.

 

Nesta terça-feira (29), mais 13 técnicos – dez do Ibama e três do ICMBio – se juntam aos cerca de 20 servidores que já se encontram no local para ampliar as vistorias que vêm sendo feitas nos pontos de interesse ambiental – matas nativas e ciliares, cursos d´água e áreas de ocorrência de fauna nativa silvestre ameaçada de extinção. A ideia é salvar os animais e procurar reduzir os impactos da lama tóxica na vegetação.

 

Segundo a coordenadora-geral de Emergências Ambientais do Ibama, Fernanda Cunha, técnicos do órgão, acompanhados de servidores da Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas (Semad), fazem diariamente dois sobrevoos ao longo da calha do rio Paraopeba para observar o deslocamento da pluma de contaminação.

 

RIO SÃO FRANCISCO

 

A preocupação é que a lama tóxica atinja o rio São Francisco, na altura da represa de Três Marias. Até esta segunda-feira (28), de acordo com Fernanda, as informações eram de que a pluma havia se deslocado cerca de 55 quilômetros no rio Paraopeba, mas vinha perdendo velocidade e começava a se dissipar. Nesse ritmo, a expectativa é que os rejeitos da mineração levem em torno de dez a 15 dias, no mínimo, para chegar à represa.

 

Desde sábado (26), técnicos do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta), do ICMBio, estão na área da represa. Todos os dias, eles fazem a coleta e avaliação de amostras da água para detectar possíveis impactos dos sedimentos na ictiofauna (peixes). Até agora, não há qualquer sinal que indique a presença de resíduos tóxicos.

 

Nesta terça, está prevista a chegada à região de especialistas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Antífibios (RAN) e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade do Cerrado (CBC), do ICMBio, para ajudar nos trabalhos, segundo informou o diretor-substituto de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (Diman) do Instituto, Ricardo Brochado.

 

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

 

O ICMBio mantém em Três Marias uma unidade de conservação de proteção integral, a Estação Ecológica (Esec) de Pirapitinga. A unidade fica numa ilha no interior da represa. Além de servir a pesquisas sobre a ictiofauna, a unidade é responsável por projeto de recuperação da vegetação do Cerrado.

 

O ICMBio está monitorando também outras duas unidades de conservação que ficam próximas ao local do incidente, em Brumadinho. A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Inhotim e a Floresta Nacional (Flona) de Paraopeba. A RPPN fica bem ao lado da barragem, mas não foi atingida pelos dejetos. A Flona também apresenta pouco risco porque entre ela e o curso do rio há um cinturão de proteção formado pelo núcleo urbano do município de Paraopeba, informou Ricardo Brochado.

 

TERRA INDÍGENA

 

Os técnicos do Ibama e ICMBio farão, ainda, nesta terça-feira, junto com funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), vistoria numa Terra Indígena (TI) da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe, situada no município de São Joaquim de Bicas, vizinho ao local da tragédia. Há informações de que a água do rio Paraopeba, que banha a TI, começou a sofrer alterações nos dias seguintes ao rompimento da barragem.

Servidores da Funai relataram que cerca de 80 indios vivem na aldeia Naô Xohã e teriam limitações de acesso a água potável. A aldeia surgiu a partir da ida dos Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe, há muitas décadas, para Minas Gerais, com o intuito de vender artesanatos e de fugir das ameaças geradas pelas disputas fundiárias com fazendeiros no sul da Bahia. 

 PROVIDÊNCIAS

 Logo após o incidente, na sexta-feira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobrevoaram, junto com o presidente da República, Jair Bolsonaro, a área em que ocorreu o rompimento da barragem de rejeitos operada pela Vale.



Desde então, representantes do Ibama e do ICMBio estão integrando o Posto de Comando (PC) montado em Brumadinho, sob a coordenação da Defesa Civil do estado de Minas Gerais, responsável por todas as ações locais, com o apoio do Gabinete de Crise instaurado no Palácio do Planalto, em Brasília.



O MMA disponibilizou helicópteros, viaturas (pick up 4x4) e corpo técnico especializado para reforçar o grupo de especialistas em ações de resposta a acidentes e na avaliação dos danos ambientais.



No sábado, o Ibama lavrou cinco autos de infração contra a empresa Vale S.A. – Mina Córrego do Feijão, totalizando R$ 250 milhões. Os valores correspondem ao teto da multa estipulada pela Lei de Crimes Ambientais.



 

 


Empresas contempladas