Mudanças climáticas ameaçam agricultura familiar nas regiões Norte e Nordeste
As mudanças climáticas terão fortes efeitos negativos para a agricultura familiar das regiões Norte e Nordeste do país nas próximas décadas, ameaçando a segurança alimentar dessas comunidades rurais, segundo estudo do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
As mudanças climáticas terão fortes efeitos negativos para a agricultura familiar das regiões Norte e Nordeste do país nas próximas décadas, segundo estudo do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado no mês passado.
De acordo com o levantamento, os efeitos das mudanças do clima são uma ameaça não somente à segurança alimentar dessas comunidades rurais — que já registram baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) — como à produção de alimentos no país, uma vez que a agricultura familiar responde pela maior parte do alimento consumido domesticamente no Brasil.
Feito em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o estudo indicou que as áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas no Norte e Nordeste serão o semiárido e a região de savana do Nordeste — sul do Maranhão, sul do Piauí e a Bahia ocidental.
No país, a previsão é que, durante as próximas décadas, a região com maior elevação na temperatura seja a região Centro-Oeste. Contudo, até o fim do século, será vista também a elevação da temperatura no Norte e Nordeste, principalmente nas áreas centrais das regiões. Além disso, a projeção é que essas áreas tenham maiores variações interanuais de precipitação nos períodos de chuva.
Diante desse cenário, o cultivo de soja e café terá as maiores perdas, enquanto cana de açúcar e mandioca terão prejuízos menores se comparadas a outras culturas. “É nesse sentido que os impactos da mudança do clima se apresentam como uma ameaça à segurança alimentar nas comunidades rurais”, disseram os pesquisadores.
Recomendações a agricultores e poder público
Os pesquisadores apontaram a necessidade de os agricultores familiares se adaptarem ao aumento na variabilidade do clima e fizeram recomendações ao setor público para enfrentar o problema. Segundo o estudo, com planejamento prévio e técnicas inovadoras, é possível reduzir vulnerabilidades e construir resiliências.
As estratégias incluem manejo sustentável dos recursos naturais, modernização da infraestrutura para produção e armazenamento dos produtos e identificação de alternativas de geração de renda para as famílias.
“São muitos os constrangimentos vivenciados pelos agricultores familiares nas regiões Norte e Nordeste do Brasil”, disse o estudo, citando os índices de pobreza dessas regiões. “As vulnerabilidades desse grupo social serão aprofundadas se os potenciais impactos da mudança do clima se concretizarem”, completaram.
“Além da preocupação relativa ao agronegócio e à exportação de produtos alimentícios, a comunidade nacional e internacional deve compreender que milhões de pessoas estão vivendo com os rendimentos provindos da agricultura familiar ou da agricultura de subsistência”, disse o estudo. “Eles são os verdadeiros agentes para o desenvolvimento.”