• 06 de novembro de 2023
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Mudanças climáticas ameaçam saúde de comunidades vulneráveis, alerta OMM

Relatório da Organização Meteorológica Mundial destaca que crise do clima impacta saúde, afetando desde comportamentos sociais até a qualidade do ar e segurança alimentar; calor extremo já causa meio milhão de mortes anuais, com Ásia e Europa sendo as regiões mais afetadas.


Em meio a eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e recordes de temperatura, a saúde humana, particularmente nas comunidades mais vulneráveis, está cada vez mais ameaçada. É o que alerta o relatório da Organização Meteorológica Mundial, OMM.


Segundo a representante do Escritório Conjunto OMM-OMS sobre Clima e Saúde, Joy Shumake-Guillemot, os impactos das mudanças climáticas na saúde são amplos, afetando ainda comportamentos sociais, segurança da água, qualidade do ar e segurança alimentar.


Mortes causadas pelo calor
Ela destacou que os países de baixa e média rendas estão sendo "impactados fortemente" e adiciona que os impactos do calor extremo são bastante graves, com até meio milhão de pessoas sofrendo mortalidade excessiva relacionada ao calor extremo em todo o mundo.


Entre 2000 e 2019, as mortes estimadas devido ao calor foram aproximadamente 489 mil por ano, com uma carga especialmente alta na Ásia, respondendo por 45% dos casos, e na Europa, com 36% das vítimas.


Sobre os desastres, o número de eventos de médio ou grande porte está previsto para atingir 560 por ano, ou 1,5 por dia, até 2030. Em países com cobertura limitada de alerta precoce, a mortalidade por desastres é oito vezes maior do que em países com cobertura substancial ou abrangente.


Insegurança alimentar
O estudo também reforça que as mudanças climáticas também estão exacerbando os riscos de insegurança alimentar. Segundo o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, no Chifre da África, nos últimos três anos, a situação tem sido grave e relacionada ao calor e à seca.


Doenças pela qualidade do ar
Ela acrescentou que "estamos criando condições para mais doenças não transmissíveis, como câncer de pulmão e infecções respiratórias crônicas, devido à má qualidade do ar que respiramos."


Segundo Maria Neira, existem não apenas “consequências imediatas devido ao desastre, mas também deslocamento em massa”.


A transmissão de muitas doenças sensíveis ao clima, como doenças vetoriais, transmitidas por alimentos e água, também está aumentando.


A dengue é a doença vetorial de disseminação mais rápida do mundo, enquanto a temporada de transmissão da malária aumentou em partes do mundo.


Com os eventos climáticos extremos e aquecimento global, ficará mais difícil acessar serviços de água, aumentando também a incidência de doenças transmitidas pela água, alerta a representante da OMS lembrando do recente aumento nos surtos de cólera.


Ele adiciona que, com frequência, nesses episódios de ondas de calor, a qualidade do ar também é ruim. Por exemplo, em 2003, ano com 75 mil vítimas na Europa, as concentrações de ozônio na superfície eram muito altas.


Segundo o relatório, a poluição do ar já é responsável por cerca de sete milhões de mortes prematuras a cada ano.


Para a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira, a solução seria interromper a causa do problema, ou seja, a queima de combustíveis fósseis. Assim, as emissões e a poluição seriam reduzidas.

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