Discursando em Cáli, na Colômbia, secretário-geral da ONU afirmou que nenhum país está imune à devastação causada pelas alterações climáticas, perda de biodiversidade e poluição; ele enfatizou que a humanidade já alterou 75% da superfície da Terra e 66% dos oceanos.
Ao discursar na abertura da Sessão de Alto Nível da 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, COP16, o secretário-geral da ONU disse que a humanidade está em guerra com a natureza.
António Guterres ressaltou que está é “uma guerra onde não há vencedores”.
“Nenhum país está imune à devastação”
No pronunciamento realizado em Cáli, na Colômbia, nesta terça-feira, o líder das Nações Unidas afirmou que “nenhum país, rico ou pobre, está imune à devastação causada pelas alterações climáticas, pela perda de biodiversidade, pela degradação dos solos e pela poluição”.
Para ele, essas crises ambientais estão interligadas e não conhecem fronteiras.
O secretário-geral enfatizou que “os motores desta destruição estão enraizados em modelos econômicos obsoletos, que alimentam padrões insustentáveis ??de produção e consumo”.
Guterres alertou que a cada dia que passa, o mundo se aproxima de pontos de ruptura que poderão alimentar mais fome, deslocamentos e conflitos armados.
Ele adicionou que a humanidade já alterou 75% da superfície da Terra e 66% dos oceanos.
A biodiversidade é uma aliada
O chefe das Nações Unidas destacou que “a biodiversidade é uma aliada da humanidade” e que é preciso passar “do saque à preservação” da natureza.
Para Guterres, “fazer as pazes com a natureza é a tarefa definidora do século XXI”
Nesse sentido, ele citou a Declaração da Coalizão Global pela Paz com a Natureza, lançada nesta terça-feira na COP16.
A iniciativa constitui um apelo à ação para intensificar os esforços nacionais e internacionais no sentido de uma relação equilibrada e harmoniosa com a natureza, utilizando e partilhando de forma sustentável a biodiversidade global.
Paz com aqueles que protegem a natureza
O secretário-geral adicionou que a declaração representa ainda um apelo ao reconhecimento dos conhecimentos, inovações e práticas vitais dos povos indígenas e afrodescendentes, dos agricultores e das comunidades locais.
Ele disse que o conhecimento tradicional desses grupos é “uma biblioteca viva de conservação da biodiversidade”.
Para o líder da ONU, a criação de um órgão subsidiário permanente no âmbito da Convenção sobre a Diversidade Biológica representaria um avanço significativo, garantindo que as vozes indígenas fossem ouvidas em todas as fases do processo.
O secretário-geral ressaltou que “a paz com a natureza significa paz com aqueles que a protegem”.
Liderar pelo exemplo
Guterres lembrou que no mês passado, os Estados-membros da ONU adotaram o Pacto para o Futuro. O acordo global reconhece a necessidade de acelerar os esforços para restaurar, proteger, conservar e utilizar de forma sustentável o meio ambiente.
Além disso, o Pacto enfatiza a importância de interromper e reverter o desmatamento e a degradação florestal até 2030, bem como outros ecossistemas terrestres e marinhos que funcionam como sumidouros e reservatórios de gases de efeito de estufa.
Para Guterres, Brasil, Colômbia, Indonésia e Malásia estão “liderando pelo exemplo, intensificando os esforços para conter o desmatamento”.
Ele também citou como exemplos positivos os esforços na Bacia do Congo para aumentar a cobertura das áreas protegidas e a Lei de Restauração da Natureza da União Europeia.
O líder da ONU disse que é preciso mobilizar todos os países em uma “rápida cooperação global” capaz de proporcionar a defesa tão necessária contra incêndios florestais, inundações, condições meteorológicas extremas e pandemias.