• 07 de agosto de 2012
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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O destino ecologicamente correto do Exxon Valdez

Responsável por um dos maiores vazamentos de petróleo da história, navio será enviado para reciclagem na Índia.
Em algum momento deste fim de semana, o navio conhecido como Exxon Valdez, responsável pelo derramamento de milhões de galões de petróleo nas águas do Alasca em 1989, chegará ao seu destino final, a praia poluída e coberta de manchas de óleo de Alang, na Índia, onde será reciclado no maior e mais notório centro de reciclagem de navios do mundo.

Ambientalistas dentro e fora da Índia estão indignados. O Valdez, rebatizado de (acredite) Oriental Nicety, ou Delicadeza Oriental, assim como a maioria dos navios reciclados na Índia, está cheio de substâncias perigosas em seu interior, como amianto e resíduos químicos. Sob as leis indianas e os tratados assinados pela Índia, esse tipo de importação de materiais potencialmente tóxicos deveria ser ilegal. Ainda assim, centenas de remessas como essa acontecem anualmente, levando navios como o Exxon Valdez para reciclagem na maculada praia de Alang.

Apesar da ordem dada pela Suprema Corte indiana na semana passada para que este seja o último navio do tipo a ser importado para a Índia, ninguém (exceto os ativistas estrangeiros que combatem a reciclagem de navios) acredita que isto será posto em prática.

O motivo é muito simples: a crescente economia da Índia requer grandes quantidades de aço, e reciclar navios é a maneira mais fácil, barata e indiscutivelmente mais verde de conseguir o aço. A reciclagem de navios representa para a Índia 8% de seu fornecimento anual de aço. A prática se tornou a chave da indústria de aço indiana. O Oriental Nicety é exatamente o tipo de navio de que os recicladores de Alang gostam: grande e com compartimentos largos que facilitam a extração do aço.

Ativistas ambientais rejeitam o termo “reciclagem” para se referir ao que acontece com navios em lugares poluídos como Alang. Mas existem muitos pontos a favor da reciclagem de navios. Um deles é a economia de energia. A reciclagem manufaturada de um navio gasta em média 74% menos energia que a extração e produção de aço virgem escavado nas minas e produzido nas usinas siderúrgicas. Além disso, o aço não precisa ser derretido novamente, o que poupa ainda mais energia.

Para a Índia isso significa que uma rede de energia, já sobrecarregada, pode se encarregar de levar energia às pessoas carentes, ao invés de se dedicar apenas às usinas siderúrgicas. Além disso, a prática proporciona uma grande economia de espaço para o país, já que poupa áreas que seriam utilizadas para exploração de minérios.

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