• 10 de julho de 2023
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
  • 2024

OMM: Países precisam se preparar para calor extremo gerado pelo El Niño

Previsões apontam 98% de chance de que o mundo enfrente o período mais quente já registrado; América Latina e Caribe estão na zona que deve sofrer os maiores impactos; Organização Mundial da Saúde, OMS, prevê risco de cólera e malária.


Pela primeira vez, em sete anos, a Organização Meteorológica Mundial, OMM, identificou indícios do surgimento do fenômeno El Niño.


Desenvolvido na região tropical do Oceano Pacífico, o evento climático cria condições para aumento de temperatura e instabilidade no clima.


Novos recordes de calor
O chefe do Serviço Regional de Previsão Climática da OMM, Wilfram Okia, disse que o Caribe, a América Central e a região norte da América do Sul estão entre os que serão mais afetados.


O El Niño surge em intervalos de dois a sete anos e dura de nove meses a um ano. A mais recente atualização da OMM prevê que este episódio tem 90% de probabilidade de continuar na segunda metade de 2023.


De acordo com o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, o início do El Niño “aumentará muito a probabilidade de o mundo bater recordes de temperatura.” A previsão é de calor extremo em várias partes do mundo e nos oceanos.


Em maio, a OMM já havia indicado que há 98% de chance de que pelo menos um dos próximos cinco anos, e o período de cinco anos como um todo, seja o mais quente já registrado.


Isso significa que o recorde atingido em 2016, quando houve um El Niño excepcionalmente forte, seria superado.


Antecipação para salvar vidas
Taalas enfatizou que a declaração de um El Niño pela OMM é “o sinal para os governos de todo o mundo mobilizarem os preparativos para limitar os impactos na saúde, nos ecossistemas e nas economias.”


Ele disse que alertas precoces e ações de antecipação de eventos climáticos extremos “são vitais para salvar vidas e meios de subsistência.”


Os eventos do El Niño são normalmente associados ao aumento das chuvas em partes da América do Sul, dos Estados Unidos, do Chifre da África e da Ásia central.


Por outro lado, o El Niño também pode causar secas severas na Austrália, Indonésia, áreas do sul da Ásia, América Central e no norte da América do Sul.


Durante o verão boreal, a água quente resultante do El Niño pode impulsionar furacões no centro/leste do Oceano Pacífico, mas pode impedir também a formação de furacões na Bacia do Atlântico.


Impactos de saúde
A diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial da Saúde, OMS, Maria Neira, disse que a provável ocorrência do El Niño em 2023 e 2024 terá “efeitos graves nos principais determinantes da saúde.”


Como principais riscos, ela mencionou o aumento de doenças transmitidas pela água, como a cólera, e potenciais surtos de doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e febre do Vale do Rift.


Para apoiar a preparação nos países, a OMM passou a emitir Atualizações Climáticas Sazonais Globais (em inglês), que incorporam influências de outros eventos climáticos, como a Oscilação do Atlântico Norte, a Oscilação do Ártico e o Dipolo do Oceano Índico.


 

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