• 24 de abril de 2014
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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ONU: 28% dos estoques de peixes são sobreexplorados

Conferência de Ação Global dos Oceanos para Segurança Alimentar e Crescimento Azul reúne representantes de diversos setores da sociedade para discutir formas de aliar o uso racional de recursos naturais e preservação marinha

Atualmente, cerca de 17% da proteína animal consumida no mundo vem da pesca e da aquicultura, e a demanda por essa proteína proveniente dos mares deve duplicar nos próximos 20 anos. Mas mesmo com essa grande dependência que temos dos oceanos, grandes problemas ameaçam o uso dos recursos marinhos.

Por isso, 500 representantes de diversos setores da sociedade, incluindo 60 ministros de Estado, se reúnem entre os dias 22 e 25 de abril em Haia, nos Países Baixos, para debater formas de aliar o uso racional de recursos naturais e a preservação marinha, protegendo os oceanos de três grandes obstáculos à sua exploração sustentável: a sobrepesca, a destruição de habitats marinhos e a poluição.

Para se ter uma ideia, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que 28% dos estoques de peixes já sejam sobreexplorados atualmente.

“Oceanos saudáveis têm um papel central a desempenhar em resolver um dos maiores problemas do século 21 – como alimentar nove bilhões de pessoas até 2050. Contudo, precisamos agir agora na velocidade e escala necessárias para superar os desafios que enfrentamos através da união de forças de todos os interessados, promovendo parcerias e estimulando o crescimento sustentável”, observou Árni M. Mathiesen, diretor-geral assistente para Pesca e Aquicultura da FAO, uma das organizadoras do encontro.

A Conferência de Ação Global dos Oceanos para Segurança Alimentar e Crescimento Azul, organizada também pelo governo neerlandês e pelo Banco Mundial, tem como um dos focos as causas que levaram aos três principais problemas enfrentados pelos oceanos, bem como suas possíveis soluções.

Entre as soluções, estão: equilibrar a demanda por crescimento com a necessidade de conservação de áreas marinhas; combater a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (IUU); e garantir que o crescimento do setor privado não ocorra às custas da proteção dos meios de vida das comunidades locais que dependem dos oceanos.

“Ações conjuntas urgentes da comunidade global são necessárias para combater as ameaças que enfrentam nossos oceanos. Inovações locais para equilibrar a ecologia e a economia do mar devem ser identificadas e colocadas em prática em outras regiões. A Conferência de Ação Global dos Oceanos em Haia oferece a oportunidade de se fazer a diferença”, comentou H.E Sharon Dijksma, ministra da Agricultura dos Países Baixos.

O evento também focará no conceito de Crescimento Azul, que foi definido na Conferência Rio+20, em 2012. O Crescimento Azul ou Economia Azul compreende a alimentação, empregos e oportunidades para desenvolvimento fornecidos pelos oceanos e litorais, e enfatiza a conservação e a gestão sustentável dos recursos aquáticos e benefícios equitativos às comunidades costeiras que dependem dos mares.

“Existem soluções que equilibram as demandas ecológicas e econômicas dos oceanos. Temos a oportunidade de alinhar nossos esforços e trazer soluções para a escala local. Com parcerias público-privadas e abordagens comuns, podemos restaurar a saúde dos oceanos e fornecer alimentos e empregos para comunidades em todo o mundo”, afirmou Juergen Voegele, diretor de Agricultura e Serviços Ambientais do Banco Mundial.

Felizmente, a conferência já está mostrando alguns resultados positivos das discussões. Nesta quarta-feira (23), segundo dia da reunião, a Indonésia e os Países Baixos iniciaram projetos conjuntos para desenvolver produtos derivados de peixes mais seguros para os consumidores indonésios.

A parceria, com projetos conjuntos no valor total de € 4,5 milhões, vai atuar em locais como Kalimantan, Sumatra, Java e Ambon, onde condições ruins de armazenamento e refrigeração dos produtos de peixes acabam levando a um grande desperdício de alimentos. A meta dos projetos, que durarão até 2016, é garantir produtos de mais qualidade e disponibilizá-los para o mercado interno e possivelmente para exportação.

“Muitos peixes são jogados fora em todo o mundo devido à falta de conhecimento de técnicas de armazenamento e refrigeração. Há desperdício desnecessário de boa comida nos oceanos. Isso pede por ação agora, começando hoje. Vamos trabalhar juntos e investir conhecimento para melhorar os produtos de peixes para os consumidores


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