Relatos de que as temperaturas em uma cidade russa do Círculo Polar Ártico provavelmente atingiram um recorde de 38°C no último fim de semana estão sendo analisados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que aguarda uma verificação final, informou na terça-feira (23).
Se as autoridades russas confirmarem a observação da temperatura realizada no último sábado (20), a OMM encaminhará a descoberta para uma análise mais detalhada por um painel internacional de especialistas.
“A OMM está buscando verificar relatos de um novo registro de temperatura ao norte do Círculo Polar Ártico”, disse Clare Nullis, porta-voz da OMM, a jornalistas em Genebra. “Foi relatado na cidade russa de Verkhoyansk em meio a uma onda de calor prolongada na Sibéria e a um aumento na atividade de incêndios florestais”.
Se as autoridades russas confirmarem a observação da temperatura realizada no último sábado (20), a OMM encaminhará a descoberta para uma análise mais detalhada por um painel internacional de especialistas, explicou Nullis.
A região da Sibéria Oriental, atualmente em destaque, é conhecida por seus extremos climáticos no inverno e no verão, com temperaturas acima de 30°C, o que não é incomum em julho.
Este último relato de uma temperatura do Ártico mais típica dos trópicos ocorre alguns meses depois de a base de pesquisa argentina Esperanza, no extremo norte da península antártica, ter estabelecido uma nova temperatura recorde de 18,4°C em 6 de fevereiro.
Ártico aquecendo duas vezes mais rápido
Segundo a OMM, o Ártico está aquecendo aproximadamente o dobro da média global. O pico de calor segue um período prolongado de ondas de calor e incêndios na Sibéria, explicou Nullis, depois de uma primavera incomumente quente que também foi caracterizada pela falta de neve.
Dados da OMM mostram que maio estava cerca de 10°C acima da média em muitas partes da Sibéria, “e foi esse calor extraordinário que realmente impulsionou, fez o mês mais quente já registrado para… o Hemisfério Norte, e também acreditamos que no nível global também”, disse Nullis.
Segundo a OMM, as temperaturas do ar no Ártico de 2016 a 2019 foram as mais altas já registradas.
Igualmente preocupante, o volume de gelo marinho do Ártico em setembro de 2019 – após a estação de derretimento – diminuiu mais de 50%, em comparação com a média de 1979 a 2019.
O processo de verificação da OMM envolve solicitar informações adicionais ao serviço meteorológico russo Roshydromet, incluindo as leituras, o tipo de equipamento usado e como a observação corresponde a outras tomadas pelas estações meteorológicas próximas.
“Esses dados serão examinados com muito cuidado por um painel internacional de cientistas atmosféricos que, uma vez discutidos, farão uma recomendação sobre se a observação é ou não válida”, afirmou o professor Randall Cerveny, relator da OMM, em comunicado.
Ele acrescentou: “o resultado final será uma informação incrivelmente valiosa que ajudará os cientistas climáticos a entender melhor o clima, engenheiros e médicos a se prepararem melhor para os extremos climáticos e até o público em geral a obter uma melhor informação sobre as mudanças climáticas em todo o planeta”.