• 31 de agosto de 2023
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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ONU corre contra o tempo para evitar tragédia ambiental no Mar Vermelho

Remoção de 1 milhão de barris de petróleo do navio-tanque FSO Safer começou nesta terça-feira na costa do Iêmen; Nações Unidas lideram a iniciativa; ecossistemas, populações e meios de subsistência estão sob ameaça; operação é resultado de dois anos de intermediação política.


 As Nações Unidas iniciaram, nesta terça-feira, uma operação para desarmar aquilo que pode ser “a maior bomba relógio do mundo”.


A expressão foi usada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para descrever um resgate marítimo que está em curso perto da costa do Iêmen, no Mar Vermelho.


Ameaça para 30 milhões de pessoas
O objetivo é transferir 1,14 milhão de barris de petróleo do navio superpetroleiro abandonado FSO Safer para uma embarcação chamada Náutica, que foi rebatizada de Iêmen. A transferência de navio a navio deve levar 19 dias.


Segundo Guterres, a ação iniciada pelas Nações Unidas é essencial para impedir uma catástrofe ambiental e humanitária “colossal”. Ele afirmou que a explosão ou danificação do FSO Safer significaria “o pior derramamento de óleo da nossa era”.


Como consequência, “milhares de pescadores perderiam o sustento e comunidades inteiras seriam expostas a toxinas mortais”.


Além disso, portos seriam fechados, prejudicando o abastecimento de comida e outros suprimentos essenciais para os 30 milhões de habitantes da região e o ecossistema do Mar Vermelho seria destruído.


Operação de alto risco
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, o FSO Safer é um cargueiro de 47 anos. Devido ao conflito no Iêmen, ele está, há mais de sete anos, sem manutenção. A integridade estrutural do navio foi comprometida e se deteriora rapidamente.


A agência afirma que a embarcação pode ser atingida por uma mina flutuante, explodir espontaneamente ou rachar a qualquer momento.


Segundo Guterres, a ONU assumiu essa “operação delicada” de alto risco e montou uma força-tarefa com “os maiores especialistas em leis marítimas, vazamentos de óleo e operações de resgate”. Participam também engenheiros e arquitetos navais, químicos, dentre outros profissionais especializados.


O líder das Nações Unidas afirmou que a missão é fruto de quase dois anos de “captação de recursos e desenvolvimento de projeto”. Segundo ele, a iniciativa exigiu um trabalho de negociação política “incansável” em um país arrasado por oito anos de guerra.


Próximos passos
Para o chefe da ONU, a operação em curso é “uma história de cooperação, intermediação política, engenhosidade e gestão ambiental”, que demonstra mais uma vez o “papel indispensável da ONU e parceiros”.


Guterres afirmou que os próximos passos críticos são garantir a segurança da embarcação que está recebendo a transferência de petróleo e fazer a limpeza e demolição final do FSO Safer, de modo a eliminar qualquer ameaça ambiental remanescente.


O chefe da ONU disse que ainda será preciso captar US$ 20 milhões em doações para concluir o projeto.

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