Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente revela que o mundo está a caminho de um aumento catastrófico de 2,6-3,1°C na temperatura; Cúpula do Clima no Azerbaijão terá papel chave em aumentar o financiamento para superar lacuna em ações de adaptação.
As nações precisam ampliar com urgência os esforços de adaptação climática, começando com o compromisso de aumentar o financiamento na próxima Cúpula do Clima, COP29.
O alerta foi feito pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, que lançou nesta quinta-feira o relatório Lacuna de Adaptação 2024: Rumo ao Inferno e ao Aumento das Águas.
Aquecimento catastrófico
A diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, afirmou que a mudança climática já está arrasando comunidades em todo o mundo, particularmente as mais pobres e vulneráveis.
Segundo ela, “tempestades furiosas estão arrasando casas, incêndios estão destruindo florestas, e a degradação da terra e a seca estão arruinando paisagens”.
O relatório ressalta que, sem uma ação imediata, o mundo provavelmente ultrapassará 1,5°C de aquecimento em breve e poderá até atingir um aumento catastrófico de 2,6-3,1°C acima dos níveis pré-industriais até o final do século.
Com início em 11 de novembro em Baku, Azerbaijão, a COP29 reunirá delegações de governo de todas as partes do mundo, além de altos funcionários da ONU, sociedade civil e a outros setores para negociar novas soluções.
Ano mais quente?
Ainda nesta quinta-feira, a Organização Meteorológica Mundial, OMM, informou que 2024 está no caminho para se tornar o ano mais quente já registrado.
A média global é mais alta que os níveis de temperatura da superficie documentados em 2023.
A análise cobre janeiro a setembro de 2024 e é baseada em seis bancos de dados internacionais que fornecem uma avaliação consolidada das taxas médias de temperatura em várias partes do globo.
Mobilização de recursos
O levantamento do Pnuma alerta para a crescente lacuna entre os fundos necessários para a adaptação e os níveis atuais de investimento público.
O financiamento internacional para adaptação em países em desenvolvimento aumentou de US$ 22 bilhões em 2021 para US$ 28 bilhões em 2022, o maior aumento absoluto e relativo anual desde o Acordo de Paris. Ainda assim, o valor ainda está muito abaixo do necessário.
As estimativas sugerem que superar a lacuna de financiamento para adaptação requer entre US$ 187 e 359 bilhões anualmente.
Nesse contexto, o Pnuma apela por uma “nova meta coletiva quantificada” para o financiamento climático na COP29.
Prévia do que o futuro reserva
A agência também defende que os países incluam componentes de adaptação mais fortes na próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas, que devem ser apresentadas até o início de 2025, antes da COP30 em Belém, no Brasil.
Andersen enfatizou que “as pessoas, seus meios de subsistência e a natureza da qual dependem estão em perigo real devido às consequências das mudanças climáticas”. Para ela, esta é “uma prévia do que o futuro reserva e não há desculpa para o mundo não levar a sério a adaptação”.
O relatório sugere “fatores facilitadores” que poderiam desbloquear o financiamento dos setores público e privado, como a criação de fundos e facilidades de financiamento, planejamento fiscal climático e designação de orçamento específico.
O documento também destacou o papel dos bancos multilaterais de desenvolvimento na ampliação do financiamento e no apoio a soluções financeiras inovadoras.