• 17 de fevereiro de 2017
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Os Corais da Amazônia

Por Thaís Herrero, do Greenpeace Brasil –



O navio Esperanza cumpriu sua primeira missão e a campanha pelos corais da Amazônia continua. Saiba o que encontramos ao longo da nossa expedição.



Depois de 20 dias de expedição pela costa norte brasileira, o Greenpeace cumpre a primeira parte da sua missão: mostramos ao mundo os recifes de Corais da Amazônia! E seguimos com nossa campanha para defender esse bioma da ameaça do petróleo.



Saímos do Amapá e navegamos por 1.649 milhas náuticas (algo em torno de 3 mil quilômetros). Ficamos a mais ou menos 100 quilômetros da costa brasileira, indo e vindo pelas áreas dos recifes – e cruzamos a linha do Equador 4 vezes.



Pelo Esperanza passaram 48 pessoas, entre tripulação, jornalistas, cientistas e a equipe dos escritórios do Greenpeace pelo mundo. No total, fizemos 8 mergulhos com o submarino, sendo o mais profundo a 220 metros da superfície. O que vimos superou nossas expectativas e nossa imaginação. E o que fizemos foi história.

A seguir, um resumo do que encontramos. Tudo isso só mostra o quanto a região dos recifes de corais da Amazônia é incrível e guarda segredos que ainda precisamos conhecer – e respeitar.



A cada mergulho que fizemos, registramos um número maior de espécies. Encontramos arraias, caranguejo-aranhas, piraúnas, chernes, lagostas, peixes-mariquitas, entre tantos outros. Algumas delas, nem imaginávamos poder ver ali.



Também encontramos diferentes habitats. Nesta região está uma estrutura recifal enorme, com uma heterogeneidade de paisagens muito maior do que os cientistas previam. Vimos ali bancos de esponjas, bancos de rodolitos, jardins de esponjas e jardins de corais negros.



Por ser uma área de transição entre a fauna do Brasil e do Caribe, essa variedade foi uma surpresa boa e mostra a complexidade da vida marinha ali.



Entre os tantos peixes que vimos passar por perto de nosso submarino e nossa câmera, estavam espécies que estão ameaçadas de extinção, como o cherne e cioba. Isso só prova o quanto os recifes de corais da Amazônia precisam ser defendidos .



Os cientistas da expedição comemoram a documentação de três possíveis novas espécies de peixes: dois de peixe-borboleta e um de budião-sabão. Segundo Ronaldo Francini Filho, docente da Universidade Federal da Paraíba, essas são espécies bem diferentes no Atlântico. “O próximo passo é continuar o estudo, tentar encontrar esses peixes e estudá-los de acordo com o seu DNA. Só assim teremos certeza de que são uma espécie até então não catalogada pela ciência”.



 



A estimativa inicial era de que a região dos recifes de corais da Amazônia tivesse 9,5 mil quilômetros quadrados. Nessa expedição, que nem chegou a percorrer todo o território conhecido, pudemos ver que isso é pouco. “Há indícios para que a área seja duas ou três vezes maior que isso”, disse Ronaldo Francini Filho.



Os mapas que mostram a geologia do fundo do mar onde estão os recifes de corais da Amazônia são superficiais e sem detalhes. Mas nossa expedição encontrou um paredão, apelidado de Falha do Joel, de cerca de 70 metros de altura e 10 quilômetros de comprimento. É uma estrutura completamente inesperada e mostra que sabemos pouco sobre a geologia da região onde empresas de petróleo já querem explorar.



As imagens que vimos aqui, segundo Thiago Almeida, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, deixam claro o quanto único é esse bioma. “Essa expedição mostrou o quão pouco sabemos sobre nossos oceanos e o quão importante é protege-los. Nós temos que evitar que a exploração de petróleo ameace esse único, novo e intocado bioma”, disse.



A expedição acabou por enquanto, mas a campanha precisa de mais e mais pessoas ao redor do mundo defendendo os Corais da Amazônia. Vamos juntos pressionar as empresas Total e BP para que elas cancelem seus planos de explorar petróleo na foz do Rio Amazonas.



 



 



 



 


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