• 24 de abril de 2017
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Os rios de superfície podem salvar as geleiras da Antártida?

Estudos publicados hoje no site da revista científica britânica Nature divergem Estudos publicados hoje no site da revista científica britânica Nature divergem sobre o impacto da água corrente em grandes massas de gelo. Afinal, os rios de superfície aceleram ou retardam o derretimento de geleiras na Antártida?



O ruptura de grandes plataformas de gelo é motivo de preocupação e objeto de inúmeras pesquisas com o avanço das mudanças climáticas e o aumento da temperatura do planeta. Estima-se que o aquecimento do ar possa dobrar ou até triplicar as taxas de derretimento em quase todas as plataformas de gelo até 2050, elevando o nível do mar a níveis perigosos para a humanidade.



Em um esforço que reuniu registros históricos e imagens de satélite, pesquisadores de duas grandes universidades mapearam um fenômeno relativamente recente: os rios de superfície identificados nas geleiras. A partir de inúmeras análises, tentaram compreender o papel da água corrente no colapso ou na manutenção destas grandes estruturas de gelo.



A pesquisadora americana Robin E. Bell e um time de cientistas da Universidade Columbia concluíram que os lagos de superfície seriam uma força a favor do derretimento. As fendas das geleiras preenchidas com água, segundo este estudo, induziriam à formação de novas fendas, levando a uma reação em cadeia que culmina com o derretimento da geleira.



“O transporte da água teria o papel de acelerar a perda de massa da geleira à medida que forma o chamado gelo azul (um tipo de gelo formado pela compactação da neve sob grande pressão no fundo de uma geleira), dando ainda mais combustível à desintegração”, afirmou Bell, no estudo. A proliferação destes rios teria o poder, portanto, de acelerar ainda mais o derretimento.



A pesquisadora britânica Alison Banwell,  Panerai replica watches da Universidade de Cambridge, chegou a uma conclusão diferente. De acordo com o estudo que apresenta hoje, a presença de rios nas geleiras da Antártida poderiam mitigar a pressão sofrida pelo derretimento. Segundo Alison, o processo de exportação de água diminui o risco de quebra da plataforma – e o aumento na cobertura de lagos ainda diminui o derretimento superficial, uma vez que a água absorve mais radiação do Sol do que o gelo.



“Se por um lado os rios agem como cargas de superfície nas plataformas de gelo, elas também desempenham um papel crucial na distribuição da água derretida”, disse no estudo. A pesquisadora destacou a presença de centenas de lagos e redes de rios que têm persistido durante décadas nas prateleiras de gelo da Antártida, muitas vezes transportando água por até 120 Km de distância.



O impacto da nova massa de água na estabilidade da plataforma ainda é discutível. Se Alison estiver certa, plataformas de gelo como a Amery, a Filchner-Ronne, a Larsen C e a Ross, poderão ter uma força a mais e a ameaça pode ser menor que os modelos atuais previram. Se Bell estiver certa, será preciso acelerar o combate às mudanças climáticas, sob pena de presenciar grandes desastres nas regiões litorâneas.


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