• 21 de fevereiro de 2013
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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PNUMA quer substituir querosene por energia solar na África

Objetivo é trocar milhões de lâmpadas alimentadas pelo combustível fóssil por solares, reduzindo emissões de gases do efeito estufa, diminuindo riscos à saúde e estimulando a criação de empregos verdes
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Associação Global de Iluminação Off-Grid (GOGLA) anunciaram nesta quarta-feira (20) uma parceria que pretende substituir em diversos países do continente africano as lâmpadas de querosene por alternativas solares.

Segundo relatórios apresentados pelo PNUMA, a troca reduziria em 74 milhões de toneladas as emissões de carbono e a poluição gerada pela queima dos combustíveis, diminui ria os riscos de saúde e de incêndios e estimularia a criação de empregos verdes.

Além disso, a substituição também traria benefícios econômicos para a população, já que, embora as lâmpadas solares sejam mais caras do que as convencionais (US$18-35 contra US$5.80), elas não precisam ser alimentadas por nenhum combustível, apenas pela luz solar, e a compensação, em alguns casos, leva menos de um ano.

Os estudos sobre a troca das lâmpadas foram realizados em 80 países, nos quais mais de 1,3 bilhão de pessoas vivem sem acesso à luz elétrica e pagam um total de US$ 23 bilhões a cada ano para alimentar suas lâmpadas a querosene. Para gerar luz para toda essa população, são necessários 25 bilhões de litros de querosene por ano.

No Quênia, por exemplo, onde atualmente são gastos US$ 900 milhões por ano em iluminação off-grid, as fontes de eletricidade off-grid são responsáveis pela emissão de mais de 2,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. No país, a troca para sistemas de LED alimentados por luz solar seria compensada em sete meses.

Já na Nigéria, substituir toda a querosene, lâmpadas e baterias usadas anualmente por iluminação solar economizaria US$ 1,4 bilhão anualmente, ou o equivalente a 17,3 milhões de barris de petróleo. Isso significaria também uma economia de US$ 66,1 por família por ano, e a não emissão de 6,4 milhões de toneladas de CO2.

“Substituir as 670 milhões de lâmpadas de querosene do mundo por uma iluminação solar mais limpa e segura representa uma grande oportunidade em muitas frentes, de cortes nas emissões globais de carbono, riscos de saúde pela poluição atmosférica, apoio a tecnologias verdes e à geração de empregos verdes”, comentou Achim Steiner, sub-secretário-geral da ONU e diretor executivo do PNUMA.

Além da parceria com a GOGLA, a o PNUMA também está lançando um novo programa em cooperação com o governo alemão para trabalhar diretamente com os países da África Ocidental, com a intenção de estimular sua transição para um sistema de iluminação mais sustentável.

De acordo com os documentos do PNUMA, 76% da população da África Ocidental não tem acesso à eletricidade da rede, gastando cerca de 20% de sua renda em querosene para a iluminação residencial. A substituição do sistema de iluminação pode fornecer luz com melhor desempenho, mais acessível e com melhor qualidade.

A substituição do sistema de iluminação pelas alternativas solares faz parte da iniciativa do secretário-geral da ONU Energia Sustentável para Todos e sua meta de atingir o acesso universal aos serviços modernos de energia até 2030. Além disso, também está de acordo com as Metas de Desenvolvimento do Milênio.

“Apoiar a iluminação off-grid e a on-grid pode trazer grandes economias financeiras em pouco tempo, assim como benefícios adicionais educacionais, de saúde e ambientais para a realização das Metas de Desenvolvimento do Milênio”, observou Steiner.

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