• 03 de agosto de 2017
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Para brasileiro, mudança climática é maior ameaça à segurança

América Latina e na África, regiões do planeta que mais devem sofrer com os graves impactos das transformações causadas pelo clima, registram preocupação acima da média; levantamento de organização americana ouviu mais de 40 mil pessoas em 38 países



 Os brasileiros consideram a mudança climática a principal ameaça à segurança do país e do planeta – acima do terrorismo e da economia. Os dados são de uma pesquisa de opinião divulgada na última terça-feira pelo Pew Research Center, um instituto de pesquisa sobre tendências globais com sede em Washington. O país é uma das sete nações latino-americanas ouvidas, que colocaram as mudanças climáticas como a ameaça mais relevante da atualidade. Situação semelhante foi registrada na África, onde quatro dos seis países analisados pelo estudo destacaram as transformações no clima como o perigo mais relevante do país.



O levantamento mapeou o grau de sensibilidade de 38 países a oito graves ameaças globais: ataques cibernéticos, situação da economia global, poderio americano, poderio chinês, refugiados, influência russa, ameaça do Estado Islâmico e das mudanças climáticas. No total, foram ouvidas 41.953 pessoas.



A Espanha lidera o ranking geral dos países que colocaram as ameaças climáticas no topo das preocupações nacionais. Estima-se que 89% dos espanhóis considerem as alterações ambientais como a ameaça mais importante para a nação. O país já sofre com os efeitos da mudança no clima e teme que a diminuição das chuvas e a elevação do nível do mar afetem o turismo, uma das principais fontes de renda da população. Atrás da Espanha, no ranking geral, aparece a Suécia (64%), seguida pelo Canadá (60%). O Brasil ocupa a 11a posição global, e os Estados Unidos, a 27a.



A América Latina e a África foram os dois blocos de países que demonstraram maior preocupação com as mudanças climáticas. Os chilenos são os latino-americanos mais preocupados (86%) com o clima, seguidos pelos peruanos (79%) e argentinos (76%). Já no continente africano, o ranking é liderado pelo Quênia (76%), seguido pela Tanzânia (64%), África do Sul (59%) e Senegal (56%).



O alto índice de preocupação de países da África e da América Latina se explica especialmente pelas dificuldades com a produção de alimentos, o aumento da incidência de doenças e a intensificação dos eventos climáticos extremos. O Brasil aparece na lista dos dez países mais afetados pelas mudanças do clima, ao lado de países africanos, de acordo com o último relatório da ONG Germanwatch, que monitora as políticas climáticas de diversos países. E, ainda que a África produza menos de 5% das emissões de gases de efeito estufa, será um dos mais atingidos pela miséria acentuada pelas alterações no clima, revela o Global Climate Risk Index, o Índice Global de Risco Climático.



“O Brasil é muito vulnerável e o brasileiro já seu deu conta disso. Mas existe um abismo entre o mundo real, a opinião pública e o comportamento do presidente Michel Temer e da bancada ruralista”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Temer decidiu ignorar o mundo real e a opinião pública e troca favores por proteção da bancada ruralista. O resultado é a ameaça de o Brasil se tornar um problema maior para o clima do planeta que Donald Trump e o os republicanos do Congresso americano.”


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