• 16 de abril de 2018
  • JORNAL DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Países fecham acordo sobre emissões da navegação

Organização Marítima Internacional aprova redução de 50% na poluição climática do setor até 2050 e deixa porta aberta para descarbonização; Brasil se opõe, mas não consegue bloquear resultado



O Comitê de Proteção Ambiental Marinha da IMO (Organização Marítima Internacional) aprovou nesta sexta-feira (13) em Londres o primeiro acordo mundial para reduzir emissões de gases de efeito estufa da navegação internacional. Embora bem menos ambicioso do que o necessário, o resultado é um passo positivo no sentido de cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5oC neste século.



A decisão anunciada pela IMO conclama os países-membros da organização a desenvolver uma estratégia para reduzir as emissões do setor em 50% até 2050. Mas deixa aberta a porta para a descarbonização total, ao falar em “fazer esforços” para descarbonizar. Países-ilhas demandavam uma redução de 70% a 100% nas emissões da navegação até 2050 – o que estaria alinhado com a visão do Acordo de Paris de tornar o mundo neutro em carbono na segunda metade do século.



A navegação mundial ficou de fora do Acordo de Paris, mas é fundamental para cumprir suas metas, já que responde por 2% a 3% das emissões globais.



“A decisão de hoje manda um forte sinal para a indústria da navegação e para os fornecedores de combustíveis de que eles precisam ampliar os investimentos em novas tecnologias e colocá-las no mercado, incluindo combustíveis alternativos e novos sistemas de propulsão”, disse Mark Lutes, conselheiro-sênior de política climática global do WWF.



O Brasil, que se opunha a qualquer meta quantitativa de corte de emissões alegando prejuízos ao comércio, foi derrotado e expressou reserva quanto ao acordo. Mas não conseguiu bloquear a decisão final. Na última quarta-feira, o OC mandou uma carta ao governo criticando a oposição brasileira ao acordo e pedindo que o país apoiasse a descarbonização total do setor.



“A atuação do Brasil foi incoerente com todas as posições que o país tem adotado nas negociações de clima. Felizmente o bom senso prevaleceu na comunidade internacional”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do OC. “Mesmo sendo insuficiente, o resultado da IMO é um primeiro passo no sentido de adequar um setor crucial para a economia global e para a segurança climática da humanidade.”


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