Pneus que economizam combustível
Sílica extraída da casca do arroz produz pneus menos poluentes.
Antigamente, os pneus eram inteiramente fabricados com borracha natural. Hoje em dia, eles também contêm polímeros, camadas de malhas de aço e reforços têxteis, materiais que aprimoram o desempenho e reduzem a consumo de combustível. Agora a Pirelli, uma fabricante de pneus italiana, está produzindo pneus que economizam combustível e são ainda menos poluentes devido ao fato de um de seus ingredientes ser extraído da casca do arroz.
A perda por histerese, como é conhecida, pode ser reduzida mediante a mistura da borracha de pneu com um material em pó que tem em sua constituição fortes ligações químicas.
Anteriormente, o material preferido era o negro de carbono, uma substância fuliginosa feita a partir da combustão incompleta de produtos petroquímicos. Mais recentemente, a sílica (dióxido de silicone, oriundo da areia) assumiu o papel principal. A sílica é melhor porque reduz a perda por histerese sem reduzir a aderência do pneu. Desse modo, o material diminui a resistência de rolagem em cerca de 30% quando comparada à versão anterior. Isso se traduz em uma redução de 5% a 7% no consumo de combustível. A sílica também aumenta a aderência dos pneus em pistas úmidas.
Gramíneas contêm pequenos pedaços de sílica, chamados de fitólitos, cuja função é espantar herbívoro, tanto vertebrados quanto insetos. Os engenheiros da Pirelli perceberam que essas armas defensivas tinham o tamanho ideal para serem adicionadas aos pneus de modo a controlar a perda por histerese, e que uma oferta abundante deste material está disponível nas cascas que restam após o processo de refino de arroz.
A empresa criou uma fábrica em Meleiro, uma cidade em uma área de cultivo de arroz no sul do Brasil, para extrair fitólitos e inseri-los em pneus. De acordo com Daniele Lorenzetti, a responsável pelo projeto, em 2015 a fábrica fornecerá quase um terço da sílica que a Pirelli precisa para as 400 mil toneladas de pneus que produz no Brasil.
* Com informações da The Economist.
** Publicado originalmente no site Opinião e Notícia.