Presença de grandes líderes e agenda concreta são chave para sucesso da Rio+20
Duas grandes preocupações norteiam as discussões prévias à realização da Conferência Rio+20 na opinião de representantes dos poderes Executivo e Legislativo, de empresários e de organizações não-governamentais. O primeiro é a garantia de que o evento, que acontece em junho de 2012, no Rio de Janeiro, tenha o máximo de representatividade e seja capaz de atrair os grandes líderes políticos mundiais. O segundo é que a agenda da Conferência contemple as reais necessidades do mundo contemporâneo e resulte em planos nacionais concretos que possam guiar os países rumo ao desenvolvimento com sustentabilidade.
O assunto foi tema de discussões nesta terça-feira (22), em Brasília, durante o seminário “Propostas para a Conferência Rio + 20: temas para aprofundamento do diálogo social”. Por iniciativa do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social (CDES), em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República, representantes do setor público e privado, do governo, do poder legislativo e ONGs reuniram-se para discutir as propostas do Brasil para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Na abertura do evento, o coordenador do Acordo sobre o Desenvolvimento Sustentável, Clemente Ganz Lúcio, foi enfático ao destacar a importância da Conferência para o futuro do planeta e, por isso, a necessidade de que a mesma resulte em ações concretas. “A agenda da Rio+20 deve combinar o enfrentamento das questões ambientais com o enfrentamento das desigualdades. A conferência deve construir compromissos políticos e resultar numa declaração objetiva que se desdobre em agendas nacionais de desenvolvimento”, disse o coordenador. “O fracasso desta agenda é o fracasso da humanidade”, resumiu.
A coordenadora geral de Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores, Cláudia Maciel, ressaltou que a proposta brasileira para a Rio+20, encaminhada recentemente às Nações Unidas, é apenas uma contribuição inicial do país ao evento. Segundo Cláudia, muitas discussões ainda serão aprofundadas e amadurecidas até a realização da Conferência. Ela destacou que a Rio+20 é a oportunidade do Brasil mostrar ao mundo um modelo alternativo de desenvolvimento, que tem na inclusão social e na preocupação ambiental suas bases.
Para o senador Cristovam Buarque, o encontro de 2012 deve apresentar uma proposta ousada e fazer um alerta claro dos riscos que o planeta está correndo em função da atual combinação do progresso, da justiça e da liberdade; e trazer uma retórica “poética” ao invés de um discurso tecnocrático, de forma que a mensagem que resultar das discussões atinja de maneira eficiente a sociedade como um todo.
Os representantes da sociedade civil exploraram com bastante ênfase o significado do atual contexto de crise mundial que será pano de fundo da Rio+20. Segundo Jorge Abrahão, do Instituto Ethos, um dos grandes desafios da conferência é enfrentar as questões econômicas e políticas que impedem o avanço da agenda. “O contexto em que vivemos atualmente, com uma crise profunda da economia real, é fundamental para o sucesso da Rio+20”, opinou.
Já a representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mônica Messenberg, levantou alguns temas que considera importante serem discutidos na Conferência, como a formação e qualificação profissional voltadas para o desenvolvimento sustentável e a qualificação do conceito de economia verde.
O seminário integra as ações previstas no âmbito do projeto Observatório da Equidade – que faz parte da Agenda Nacional de Desenvolvimento construída e aprovada pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – desenvolvido em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O Observatório tem como objetivo ampliar a capacidade de debate da sociedade civil, propor políticas públicas e ações sociais, monitorar, avaliar e cobrar resultados de ações dos atores governamentais e não governamentais.