Formação do Ibama no Rio Grande do Norte visa a preparar para controle da poluição de óleos em praias
Em um esforço para conter os impactos de desastres ambientais, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) promoveu um treinamento estratégico no município de Baía Formosa, no litoral do Rio Grande do Norte. O curso denominado Projeto Praia Sem Óleo tem como base as lições aprendidas durante o maior desastre de derramamento de óleo de origem desconhecida já registrado no Brasil, ocorrido em 2019.
A ação, desenvolvida pelo Centro Nacional de Emergências Ambientais e Climáticas (Ceneac), do Ibama, reuniu, em 6 e 7 de maio, 41 participantes, dentre eles, representantes da Prefeitura Municipal, da Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente, das Defesas Civis Estadual e Municipal, e da Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte. Os participantes foram treinados para atuarem como multiplicadores de boas práticas na resposta a derramamentos de óleo sem fonte conhecida, uma das formas mais silenciosas e perigosas de poluição marinha.
Em 2019, manchas negras atingiram 11 estados nordestinos, além do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, deixando um rastro de contaminação em centenas de praias e afetando ecossistemas inteiros. Agora, visando à prevenção e à resposta qualificada, o Ibama promoveu essa capacitação para formar redes locais preparadas para agir com rapidez e segurança nesse tipo de emergência ambiental.
Capacitação técnica
O conteúdo do treinamento foi conduzido por servidores do Ibama dos Núcleos de Prevenção e Atendimento a Emergências Ambientais (Nupaem) do RN e de Pernambuco, além da equipe do Ceneac. Houve aulas teóricas sobre a toxicidade do óleo e seu comportamento nos diversos ambientes costeiros — como mar, areia, manguezais e rochas — além de atividades práticas na orla.
Durante as simulações, os alunos manusearam equipamentos de proteção individual, aprenderam a utilizar as ferramentas adequadas para remoção de óleo e caminhos seguros para o armazenamento do material coletado, bem como fizeram exercícios de contenção e de destinação dos resíduos oleosos coletados.
Um dos momentos mais marcantes foi a simulação de atendimento à fauna atingida. Em uma encenação cuidadosamente guiada, os participantes avistaram um objeto que representava uma tartaruga coberta de óleo e seguiram, passo a passo, o protocolo oficial de resgate, acionando o Projeto Cetáceos da Costa Branca por telefone. A simulação ensinou, na prática, como agir diante de uma emergência real, respeitando o tempo de resposta e os procedimentos técnicos necessários.
Além da capacitação técnica, o curso também reforçou a importância do engajamento comunitário, ao envolver diretamente a população e os gestores locais. Participaram representantes dos municípios de Baía Formosa, Tibau do Sul, Canguaretama e Nísia Floresta — escolhidos por terem sofrido com o derramamento de origem desconhecida de 2019.
Com o Projeto Praia Sem Óleo, o Ibama reafirma seu papel não só como agente fiscalizador, mas como articulador de soluções para os desafios ambientais mais urgentes do país. A capacitação de multiplicadores é um passo decisivo na construção de um litoral mais seguro, resiliente e preparado para reagir com eficiência em situações emergenciais.